Das florestas ou dos pomares, o mel de três mil caixas vai para a propriedade da família Kutz, em Ortigueira. Aqui, o pai Leonides e filho Kleber “abrem” os favos com uma faca, para facilitar a extração. Os favos são colocados em uma centrífuga, que leva apenas alguns minutos para retirar todo o produto.
Cada favo sai branquinho e vazio, pronto para voltar para a floresta e ser novamente preenchido pelas abelhas com mais mel. Os Kutz investiram mais de R$ 300 mil nas instalações, visando o mercado de exportação. Com toda a estrutura aprovada pelo Ministério da Agricultura e por órgãos internacionais, há um ano eles exportam mel de 20 floradas diferentes, como eucalipto, capixinguí, assa peixe e silvestre.
De 2004 a 2007, Ortigueira, com apenas 24 mil habitantes, foi o primeiro produtor individual de mel do Brasil. Perdeu o posto por conta do clima, mas não perdeu a qualidade. O município responde por 6% da produção do Paraná e exporta para a União Européia.
A esposa de Leonides, Ana Mozuski Kutz, preside a Associação de Produtores de Mel de Ortigueira, que tem 50 filiados. Eles participam de um programa implantado na cidade pelo Sebrae, Emater, Senar e prefeitura para capacitar os produtores. A ideia é melhorar o preço, assumindo as vendas. O quilo do mel atualmente é vendido por R$ 4,50, mas pode chegar ao dobro.
? O que a gente espera de melhora para a apicultura para o município de Ortigueira, que existe há 35 anos, é a gente “sair fora” do atravessador, o próprio produtor exportar, vender o seu mel. Para outras empresas, mas desde que seja o apicultor, para agregar preço porque o entreposto fica com a maior parte, ele ganha em cima do produtor ? disse Ana.
O Brasil ocupa o 11º lugar em produção mundial de mel, mas é o quinto maior exportador. Os Kutz, que viviam da agricultura, passaram a ter no mel sua principal receita. Para o Sebrae, a qualificação determina a conquista do mercado externo, mas também ajuda a garantir preço melhor aqui mesmo no Brasil.
? Esse valor que é pago pelo mercado internacional é interessante porque é vendido a granel, é ótimo. Porém, o potencial que existe em termos de mercado interno é muito bom. Existem redes de mercados, ou seja, para lojas que comercializam produtos apícolas, o valor que é pago em bisnagas de 280, 290 gramas de mel é em, torno de R$ 8 ou R$ 9 no mercado. Se for comparar essa questão do fracionado com o granel vale a pena um estudo mais especializado e o Sebrae pode auxiliar o apicultor para fazer essa comparação e identificar como investir melhor nesse produto que ele está comercializando ? disse o consultor do Sebrae Fabrício Bianchi.