O Brasil passou de 19 milhões para 55 milhões de hectares de área ocupada pelas lavouras entre 1985 e 2020. Desse montante, 36 milhões são ocupados por plantações de soja. Os números foram revelados nesta quarta-feira, 20, pelo MapBiomas, iniciativa que reúne pesquisadores de universidades, instituições e ONGs na análise de imagens de satélite com o intuito de gerar mapeamento de uso e cobertura da terra no Brasil.
Os dados indicam que a oleaginosa já ocupa 4,3% do território nacional, uma área quatro vezes superior à de Portugal e maior do que a de países como Itália e Vietnã. O levantamento não faz menção à estimativa de aumento de área de soja para a safra 21/22 que, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), deve ser de 39,91 milhões de hectares.
O estudo mostra, ainda, que quase a metade (42%) de toda a agricultura do Brasil está no Cerrado, justamente o bioma que tem menos áreas de proteção ambiental demarcadas. Entre 1985 e 2020 a área cultivada neste bioma cresceu nada menos que 464%. Em segundo lugar, vem a Mata Atlântica, que representa 34% da área agrícola, seguida de Amazônia e Pampa, ambos com 11%.
Riscos à produção
O Cerrado é também uma das regiões do país de maior risco climático. Segundo o último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, com aumento da temperatura média da Terra de 4ºC a 5ºC, a redução de chuvas nessa área do Brasil será de cerca de 20%. Esse cenário praticamente inviabiliza as atividades agrícolas na região.
Apesar de metade de todo o cultivo de soja no Brasil estar no Cerrado, a produção do grão também avançou sobre a Amazônia a partir dos anos 2000. São 5,2 milhões de hectares plantados, o que equivale a 14% da área total nacional desse cultivo. Outros 26% da área de soja no país ficam na Mata Atlântica, onde a oleaginosa se expandiu por 7,9 milhões de hectares entre 1985 e 2020.