Em duas reuniões, os funcionários da Azaléia foram informados sobre o fim das operações. A primeira começou às 14h30min, pouco antes do fim do turno da manhã. A segunda teve início logo em seguida, antes que os trabalhadores da tarde iniciassem as atividades. Em nota à imprensa, a direção da Vulcabras/Azaléia informou que a produção será direcionada à sede da empresa, em Parobé (RS).
Conforme o comunicado, o atual momento econômico não permite manter a descentralização das operações. Entre os fatores citados, estão a carga tributária e a grande oferta de produtos asiáticos no mercado.
Os cerca de 250 funcionários da unidade de Portão poderão continuar na empresa se aceitarem atuar em Parobé. A empresa se comprometeu em oferecer transporte para o deslocamento de quase uma hora. Aqueles que não optarem pela transferência serão demitidos.
Não chegou a ser uma surpresa para os funcionários o fechamento da unidade. No mês passado, eles acompanharam a retirada de parte das máquinas e o corte na produção.
Com lágrimas nos olhos, Dilma de Oliveira Pacheco, 39 anos, explicou o sentimento ao ser comunicada da decisão da fabricante.
? Em julho, completei 17 anos de empresa, como não vou chorar? Minha vida está aqui dentro ? lamentou a revisora, ainda indecisa sobre a permanência na companhia.
Hoje os colaboradores retornam à empresa para informarem se aceitam a transferência ou se optam pelo desligamento. Fabiana Fonseca, 31 anos ? 12 deles como funcionária da Azaléia ? deixou a unidade decidida a procurar outro emprego:
? Sou casada e tenho um filho. Vai ficar muito difícil trabalhar em Parobé.
Conforme Valdair Rodrigues, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Vestuário e do Calçado de São Leopoldo e Portão, as demissões em Portão começaram em dezembro de 2007, quando a empresa empregava cerca de 800 pessoas.
? Foram em torno de 600 demissões de lá para cá ? enumera.
Pelo menos duas mil pessoas perderam emprego no setor desde outubro, conforme a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados e Vestuário no Estado. A entidade engloba 23 sindicatos nos vales do Sinos, Caí, Taquari e outras regiões gaúchas.