Banco Mundial aprova US$ 90 milhões para a agricultura familiar em Santa Catarina

Programa deve beneficiar 90 mil famílias de agricultores, 1.920 das quais indígenasO Banco Mundial aprovou na última semana um empréstimo de US$ 90 milhões para o Programa de Competitividade Rural do Estado de Santa Catarina. O projeto busca aumentar a capacidade de competir e abrir mercados das organizações de agricultores familiares, contribuindo para o aumento da renda e do bem-estar dessas famílias.

A agricultura tem um importante papel social e econômico em Santa Catarina. Junto com agroindústria, o setor responde por cerca de 60% das exportações e emprega 40% da força de trabalho. Vinte por cento da população vive na área rural, e 90% das 187 mil propriedades rurais são de agricultores familiares, que contribuem com 70% do PIB agrícola do Estado. O projeto beneficiará direta ou indiretamente cerca de 90.000 famílias no Estado, sendo 1.920 delas indígenas.

? Santa Catarina se orgulha de sua longa tradição agrícola. A agricultura familiar do Estado é responsável pelos alimentos que estão na mesa não só dos catarinenses, mas de muitos outros estados do Brasil. O projeto aprovado hoje é um importante passo para fortalecer ainda mais a vocação do Estado, e ajudar a fixar as famílias produtoras no campo ? disse o Governador de Santa Catarina, Leonel Pavan.

Contudo, há desafios. A degradação ambiental e a pobreza rural estão intimamente interconectados à atividade agrícola. Cerca de 140 mil pessoas de baixa renda vivem nas áreas rurais, principalmente famílias de pequenos agricultores, trabalhadores rurais e povos indígenas. Esses pequenos agricultores familiares têm dificuldades para concorrer com os grandes empreendimentos, oferecendo produtos de qualidade a preços competitivos.

? A produção familiar dinamiza a economia local e gera postos de trabalho. Os incentivos às cooperativas e organizações de produtores familiares tornarão a economia rural ainda mais forte e competitiva. Ao mesmo tempo, o projeto cria os mecanismos para que esse crescimento seja sustentável tanto economicamente quanto ambientalmente. Isto é fundamental para a redução permanente da pobreza ? disse Makhtar Diop, Diretor do Banco Mundial para o Brasil.

O projeto busca exatamente apoiar a competitividade das organizações de agricultores familiares, fornecendo capital financeiro, assistência técnica e incentivos à inovação tecnológica, à diversificação, ao aumento da produtividade, da qualidade e do acesso aos mercados. Espera-se um aumento de 30% no volume de vendas das organizações participantes. Em paralelo, o projeto reforçará a prestação de serviços públicos necessários para expandir e tornar mais sustentável a produção, inclusive com financiamentos em infraestrutura, como a recuperação de 1.300 km de estradas rurais; a implantação de gestão descentralizada dos recursos hídricos e ambientais, a certificação da produção e a prestação de serviços sanitários, jurídicos e ambientais.

A terceira frente de trabalho apoiada pelo projeto busca promover a melhoria do desempenho da administração pública em apoio à competitividade rural. Isto inclui uma gestão mais eficiente dos sistemas financeiros e de compras do Estado, além da adoção de abordagens de gestão por resultados nas principais instituições que lidam com o setor rural.

? A melhoria da competitividade dos agricultores familiares está associada a mais diversidade, produtividade e qualidade na produção, mas também a melhores condições de produção e de vida. O cultivo de diversos produtos com maior agregação de valor e baseado em sistemas sustentáveis em áreas que antes se dedicavam apenas à monocultura ou à pecuária extensiva também gera efeitos positivos sobre o meio ambiente ? disse Alvaro Soler, Gerente do Projeto pelo Banco Mundial.

Este empréstimo flexível do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), denominado em dólares americanos, com spread variável e todas as opções de conversão, tem amortização em 30 anos, incluindo dez anos de carência. Desde 1971, o Banco Mundial já investiu cerca de US$ 485 milhões em Santa Catarina.