Nas cafeterias chiques de São Paulo, os baristas fazem café em máquinas máquina modernas cada vez mais comuns no Brasil, até nas residências. Esta evolução acompanhou uma mudança de hábito: o brasileiro está tomando mais café a cada dia que passa, principalmente fora de casa. E muito mais nas grandes cidades, por causa da falta de tempo e pela variedade de opções que surgiram nos últimos anos.
A cafeteria de Marco Suplicy, em São Paulo, serve café de 50 maneiras diferentes. Até gelado.
? Tem muitas variações do que você pode aprontar. Com gelo, com chantilly, com leite frio, com leite quente, o espresso mais curto, mais longo, e todos tem uma característica de fazer um pouco diferente da outra ? conta o proprietário.
Cada gole de café pode ser traduzido em números para se entender a situação do mercado deste produto tão brasileiro. O Brasil é o maior produtor do mundo e o maior exportador, mas ainda não é o maior consumidor. Cada brasileiro bebe mais ou menos 70 litros de café por ano. Os alemães e italianos bebem mais. Mas a mudança de hábito com mais cafeterias como a de Marco espalhadas pelo país faz especialistas projetarem um aumento de até 4% no consumo a cada ano e, assim, em mais dois anos seremos os maiores consumidores de café planeta.
Os paulistanos contribuem muito pra isso. São Paulo é a cidade em que mais se consome café no mundo. Por dia são preparadas e saboreadas na Capital paulista 24 milhões de xícaras de café, número que chama a atenção até de especialistas no assunto. Uma conferência em Campinas, no interior do Estado, reuniu 400 deles. A socióloga Ivani Rossi, que é especialista em pesquisa de mercado, foi uma das palestrantes. Em inglês ela falou para representantes de 35 países. Disse por que está aumentando o consumo e por que o brasileiro já mudou o hábito de tomar café.
? Começaram a ser oferecidos cafés de melhor qualidade, ao mesmo tempo não só cafés de melhor qualidade, como também opções. O descafeinado, o arabic, com sabores. E aí o consumidor reage muito favoravelmente quando você oferece um coisa boa ? justifica Ivani.
A pesquisa também tem papel nesta mudança. Ainda mais quando relaciona o consumo com os efeitos para a saúde, diz Andrea Illy, presidente da Associação para a Ciência e Informação sobre Café, entidade que organizou a conferência.
? São resultados de pesquisas sobre os efeitos fisiológicos do café e técnicas de lavoura para melhorar a qualidade do grão. Também de estudos para a tecnologia de preparação do café. Depois, um bom marketing para contar essas coisas ao consumidor ? explica Andrea.
Conforme o professor Décio Zylberstztajn, da Universidade do Café, a tendência de aumento de consumo de cafés especiais é mundial. E, como maiores produtores, os brasileiros levam vantagem no mercado.
? O que é um sinal muito importante para nós são aqueles segmentos de cafés especiais, os segmentos de cafés com qualidade. Estes têm experimentado uma mudança muito grande, o que representa uma enorme oportunidade para o Brasil ? afirma Zylbersztajn.
No encontro desta semana em São Paulo os especialistas tentaram entender o que está acontecendo com o mercado do café e que reflexos isso tem na cadeia de produção.
Agora, seja no preparo do café especial, como se diz hoje em dia, em máquinas modernas, ou no simples cafezinho à moda antiga em casa, uma coisa não muda: o prazer de apreciar essa bebida.