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Brasileiro consome mais café fora de casa

Cafeicultores devem colher safra 40% maior em relação ao último ciclo em função do novo hábitoOs cafeicultores brasileiros devem colher na próxima safra 45 milhões de sacas de café, um aumento de 40% em relação à última safra resultante da melhora de qualidade do produto, de tecnologia e de um jeito diferente de tomar café, que cada vez mais é feito fora de casa.

Nas cafeterias chiques de São Paulo, os baristas fazem café em máquinas máquina modernas cada vez mais comuns no Brasil, até nas residências. Esta evolução acompanhou uma mudança de hábito: o brasileiro está tomando mais café a cada dia que passa, principalmente fora de casa. E muito mais nas grandes cidades, por causa da falta de tempo e pela variedade de opções que surgiram nos últimos anos.

A cafeteria de Marco Suplicy, em São Paulo, serve café de 50 maneiras diferentes. Até gelado.

? Tem muitas variações do que você pode aprontar. Com gelo, com chantilly, com leite frio, com leite quente, o espresso mais curto, mais longo, e todos tem uma característica de fazer um pouco diferente da outra ? conta o proprietário.

Cada gole de café pode ser traduzido em números para se entender a situação do mercado deste produto tão brasileiro. O Brasil é o maior produtor do mundo e o maior exportador, mas ainda não é o maior consumidor. Cada brasileiro bebe mais ou menos 70 litros de café por ano. Os alemães e italianos bebem mais. Mas a mudança de hábito com mais cafeterias como a de Marco espalhadas pelo país faz especialistas projetarem um aumento de até 4% no consumo a cada ano e, assim, em mais dois anos seremos os maiores consumidores de café planeta.

Os paulistanos contribuem muito pra isso. São Paulo é a cidade em que mais se consome café no mundo. Por dia são preparadas e saboreadas na Capital paulista 24 milhões de xícaras de café, número que chama a atenção até de especialistas no assunto. Uma conferência em Campinas, no interior do Estado, reuniu 400 deles. A socióloga Ivani Rossi, que é especialista em pesquisa de mercado, foi uma das palestrantes. Em inglês ela falou para representantes de 35 países. Disse por que está aumentando o consumo e por que o brasileiro já mudou o hábito de tomar café.

? Começaram a ser oferecidos cafés de melhor qualidade, ao mesmo tempo não só cafés de melhor qualidade, como também opções. O descafeinado, o arabic, com sabores. E aí o consumidor reage muito favoravelmente quando você oferece um coisa boa ? justifica Ivani.

A pesquisa também tem papel nesta mudança. Ainda mais quando relaciona o consumo com os efeitos para a saúde, diz Andrea Illy, presidente da Associação para a Ciência e Informação sobre Café, entidade que organizou a conferência.

? São resultados de pesquisas sobre os efeitos fisiológicos do café e técnicas de lavoura para melhorar a qualidade do grão. Também de estudos para a tecnologia de preparação do café. Depois, um bom marketing para contar essas coisas ao consumidor ? explica Andrea.

Conforme o professor Décio Zylberstztajn, da Universidade do Café, a tendência de aumento de consumo de cafés especiais é mundial. E, como maiores produtores, os brasileiros levam vantagem no mercado.

? O que é um sinal muito importante para nós são aqueles segmentos de cafés especiais, os segmentos de cafés com qualidade. Estes têm experimentado uma mudança muito grande, o que representa uma enorme oportunidade para o Brasil ? afirma Zylbersztajn.

No encontro desta semana em São Paulo os especialistas tentaram entender o que está acontecendo com o mercado do café e que reflexos isso tem na cadeia de produção.

Agora, seja no preparo do café especial, como se diz hoje em dia, em máquinas modernas, ou no simples cafezinho à moda antiga em casa, uma coisa não muda: o prazer de apreciar essa bebida.

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