Colheita do trigo começa no Rio Grande do Sul, mas preço do pão não deve baixar

Indústria e produtores divergem sobre qualidade do grão no EstadoNem mesmo a colheita de trigo estimada em 1,64 milhão de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ? aberta nesta segunda, no Rio Grande do Sul pela região Noroeste do Estado ?, segundo a Emater, deverá barrar a alta do preço do pão francês. Presença diária nas refeições dos gaúchos, o aumento do produto se acentuou.

A alta do pão está relacionada ao baixo estoque mundial de trigo devido à seca na Rússia, que elevou o valor da commodity e da farinha.

? A farinha para panificação subiu 35% nos últimos dois ou três meses. Dependemos de trigo importado para fazer farinha para panificação. Quem tem trigo de qualidade hoje põe o preço que bem entende ? diz o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo do Estado, Gerson Pretto.

Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação, Confeitaria, Massas e Biscoitos do Estado, Arildo Bennech Oliveira, há dois anos o preço do pão francês não aumentava. Para Oliveira, não há perspectiva de baixa até o final do ano ? talvez, quando entrar no mercado a safra argentina. De agosto para setembro, o preço do quilo do pão francês aumentou entre R$ 0,50 e R$ 1. Ou cerca de 12%.

Na avaliação da indústria, a safra gaúcha de trigo ? estimada em 9% abaixo do ciclo anterior, segundo a Conab ? não deverá alterar o cenário. Os moinhos continuarão a importar trigo. Eles consumirão apenas 40% da safra gaúcha que será colhida. Conforme Pretto, o trigo panificável no Brasil está no Paraná.

No Estado, ainda há 300 mil toneladas da safra passada estocadas. Os questionamentos sobre a qualidade do produto gaúcho são criticados por cooperativas e produtores. Na Cooperativa Tritícola Regional Sãoluizense (Coopatrigo), de São Luiz Gonzaga (RS), estão armazenadas 20 mil toneladas do ano passado. Dessa quantidade, cerca da metade é de trigo-pão.

? O produtor fez a parte dele, mudou o perfil de trigo brando para trigo-pão. Não é verdade que nosso produto não é panificável. Nós, por exemplo, ainda temos trigo-pão da safra passada e não estamos conseguindo fluência normal no mercado ? afirma o presidente da Coopatrigo, Paulo Pires.