A comercialização da safra 2022/23 de soja no Brasil envolve 51% da produção estimada, conforme relatório da consultoria Safras & Mercado, com dados recolhidos até esta sexta-feira (5). No relatório anterior, com dados de 6 de abril, o número era de 44,3%.
Em igual período do ano passado, a negociação envolvia 61% e a média de cinco anos para o período é de 67,1%. Levando-se em conta uma safra estimada em 155,08 milhões de toneladas, o total de soja já negociado é de 79,14 milhões de toneladas.
Segundo o analista de Mercado da consultoria, Luiz Fernando Gutierrez Roque, o preço é o principal fator que vem deixando a comercialização atrasada frente a média, mas não é o único elemento.
“O produtor no ano passado estava mais capitalizado e se permitiu arriscar mais, segurando a sua soja e não antecipando tanto as vendas. No entanto, agora está se vendo obrigado a vender mesmo em um ambiente negativo de preço porque tem contas a pagar e insumos a comprar para a próxima safra”.
Roque lembra que o ritmo de comercialização já estava abaixo da média desde o final do ano passado, quando o sojicultor vendeu pouco de forma antecipada porque o preço estava aumentando e ele apostava em valores ainda mais remuneradores.
“O atraso [na comercialização] é acumulado, não vem de agora. Se compararmos o avanço das vendas de agora, é mais forte do que o registrado em janeiro, fevereiro e, até mesmo, de dezembro do ano passado, mas, claro, poderia estar mais forte se os preços não tivessem no atual cenário negativo”, considera.
Safra 2023/24 de soja
As vendas antecipadas da safra 2023/24 já iniciaram. Levando-se em conta uma temporada hipotética de 155,08 milhões de toneladas, ou seja, repetindo o número da atual produção, Safras projeta uma comercialização antecipada de 6%, envolvendo 9,34 milhões de toneladas.
Em igual período do ano passado, a comercialização antecipada era de 12% e a média para o período é de 17,1%.