A consultoria Agroconsult revisou suas estimativas para a safra de soja 2020/2021 e agora prevê que o país possa colher um pouco mais do que 137 milhões de toneladas do grão. Esse é o maior volume previsto entre empresas de consultoria e entidades do setor.
Segundo a consultoria, o país semeou algo em torno de 38,6 milhões de hectares com a oleaginosa, ou seja, 1,6 milhão de hectares a mais do que na safra anterior.
Ao percorrer os principais estados produtores, ao longo de três meses, a consultoria prevê também um recorde de produtividade, considerado até inesperado, “em uma temporada de tantos problemas.” A expectativa é de que os produtores de soja brasileiros colham na média 59,3 sacas por hectare, ou seja, 2,3 sacas acima da safra passada e 0,8 sacas melhor que o recorde anterior, de 2018.
Com isso, a Agroconsult prevê um recorde de produção brasileira de soja, podendo chegar a 137,1 milhões de toneladas, bem acima das 134 milhões de toneladas previstas inicialmente.
“São mais de 10 milhões de toneladas acima da safra passada, o equivalente a um crescimento de 8,5%”, afirma.
Confira a análise de algumas regiões:
Rio Grande do Sul
Segundo a Agroconsult, o bom desempenho se deve em parte às regiões de soja mais tardia. O Rio Grande do Sul, que tem tudo para retomar a segunda posição no ranking dos principais estados produtores, com uma safra de 21,1 milhões de toneladas.
“O início da safra no Rio Grande do Sul parecia pouco promissor. A chuva demorou para regularizar e o plantio atrasou. Em fevereiro e março, porém, choveu na medida, favorecendo o peso do grão e permitindo ótimos resultados”, diz a consultoria.
Matopiba
Na região Norte e Nordeste o destaque positivo fica por conta da Bahia, que deve alcançar a marca histórica no estado de 67 sacos por hectare de produtividade média.
“As chuvas regulares de fevereiro em diante e a boa luminosidade favoreceram principalmente a soja mais tardia. Esse resultado supera a maior marca alcançada, de 66,6 sacos por hectare, em 2018. A produção de soja da Bahia deve chegar a 6,9 milhões de toneladas (foi 6,2 milhões em 2019/2020).”
O Maranhão também bate recorde de produtividade, com 54,7 sacas por hectare (0,4% acima da safra anterior).
“Choveu nos momentos certos no estado e a produção deve chegar a 3,4 milhões de toneladas, ante 3,2 milhões na temporada passada.”
No Piauí, os constantes e longos veranicos limitaram o potencial produtivo. Em relação à safra anterior, o rendimento médio vai subir de 55,9 para 57 sacos por hectare, levando a uma produção de 2,9 milhões de toneladas.
Apenas o Tocantins terá resultados ligeiramente inferiores aos de 2019/2020. Apesar de ter sido o estado com o melhor início de safra da região, acabou sendo fortemente prejudicado pelo excesso de chuvas na colheita, diz a consultoria.
“Ainda assim será uma boa safra, de 3,7 milhões de toneladas.”
Paraná soja
A falta de chuva no oeste e norte do Paraná, durante o plantio, gerou um atraso histórico na implantação das lavouras.
“Já em janeiro foi o excesso de chuvas que prejudicou o desenvolvimento gerando, inclusive, um alongamento do ciclo das plantas. A realidade do sudoeste do estado e dos Campos Gerais é totalmente diferente, onde o clima se comportou de maneira muito mais regular, permitindo que as lavouras expressassem seu potencial e contribuindo para que o rendimento do estado se mantenha em torno de 61 sacas por hectare (abaixo das 63,8 de 2019/2020).”
A produção no estado deve atingir 20,4 milhões de toneladas (21,1 milhões em 2019/20).
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul soja
Mato Grosso também teve o pior início de safra da história. A clima foi irregular durante quase todo o ciclo, inclusive na colheita (quando choveu demais), causando perdas de qualidade e de produtividade, especialmente no médio-norte.
“Houve, no entanto, fatores positivos, como a alta luminosidade que favoreceu o peso dos grãos. Os bons resultados da soja de ciclo médio e tardio permitiram que as perdas das lavouras precoces fossem recuperadas parcialmente. Com isso, a produtividade média no estado é estimada em 57,9 sacas por hectare, contra 60 sacas na safra passada, e uma produção de 36 milhões de toneladas, semelhante à da safra passada.”
Já em Mato Grosso do Sul, a chuva demorou a se regularizar, e a produtividade média deverá ficar em 58,6 sacas por hectare (61,4 na safra 2019/2020), com produção de 11,3 milhões de toneladas (11,1 milhões na safra anterior).
“Foi uma safra muito difícil não só para o produtor, que perdeu o sono em alguns momentos com a falta de chuva e em outros com o excesso de umidade, mas também para nós que trabalhamos com estimativas de safra.”