A AgResource Brasil revisou a produção de soja da temporada 21/22 no Brasil para 119,73 milhões de toneladas, queda de 0,26% em relação à estimativa anterior.
A revisão ocorre com 96,62% da área da oleaginosa do Brasil já colhida segundo as estimativas da empresa.
“Conforme a colheita avança e se aproxima do final os números das agências estaduais têm sido revistos e consolidados mais baixos, como é o caso do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de que várias consultorias têm aproximado seu número dos 120 milhões de toneladas”, diz indica Raphael Mandarino, diretor geral da AgResource Brasil.
O principal destaque das consolidações de safra foi no Mato Grosso do Sul, onde a safra se consolidou ainda menor do que os números apontavam anteriormente.
A Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul) reduziu seu número em 2,77 milhões de toneladas em único corte após a finalização da colheita.
Com a redução na produção nacional as exportações de soja podem se consolidar ainda menores que o número estimado anteriormente, e atingir apenas 75,5 milhões de toneladas, queda de 12% em relação a 2021 quando 86,1 milhões de toneladas foram exportadas.
Milho
A área plantada de milho no Brasil estimada pela AgResource em 20,35 milhões de hectares é 1,4% inferior ao número da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O menor número da AgResource ocorre principalmente na segunda safra de milho (15,83 vs. 16,04 milhões de hectares), visto que importantes estados como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul consolidaram áreas plantadas inferiores à indicada pela Conab.
“Essa diferença de área pode ser atribuída ao elevado custo de produção, o que forçou os agricultores a focarem os trabalhos de campo dentro da janela de plantio evitando ao máximo a semeadura além do dia 15 de março. Na safra passada, o atraso do plantio da soja teve reflexo no plantio do milho 2ª safra o que resultou em elevado risco aos produtores, quebra de produção e, em alguns casos, o não recebimento do seguro agrícola por conta do zoneamento agroclimático, o que gera esse receio de plantio tardio na safra atual”, afirma o analista da AgResource João Pedro Thieme.
Já para a produção, a AgResource estima valores menores na primeira safra, em 21,94 milhões de toneladas, devido à ausência de chuvas, enquanto a Conab elevou o número para 24,89 milhões de toneladas no relatório de abril devido a um aumento de área e produtividade.
“Não acreditamos no aumento de área visto que as condições de plantio no sul do Brasil, onde temos a maior fatia do milho 1ª safra, não eram favoráveis o que não justifica a expansão. Além disso, a Conab relata que as excelentes chuvas de março resultaram em alívio para as lavouras, porém com a maior parte dos campos já em estágio avançado de desenvolvimento, sabemos que a recuperação é limitada”, ressalta o analista.
Na segunda safra, como a AgResource vinha pontuando há algum tempo, problemas climáticos de ausência de chuvas devem trazer impactos negativos na produtividade.
O atual número da AgResource é de 84,44 milhões de toneladas, resultando em safra de total de 108,15 milhões de toneladas, porém a empresa segue com atenção na seca em expansão no Centro-Oeste no mês de abril e início de maio.
“Nesse caso, estados como Mato Grosso já tem regiões com mais de 30 dias sem chuvas, e a agência estadual (IMEA) já começou a indicar a redução de safra nessa semana, com perda de 1,2 milhão de toneladas. Acreditamos que a produtividade será ainda menor tanto em Mato Grosso, mas como também em Goiás, Minas Gerais e possivelmente em Mato Grosso do sul onde 78% das lavouras estão em boas e excelentes condições. A quebra a princípio será menor que na 2ª safra de milho da temporada passada. Mesmo com geadas que, caso ocorram, atingirão áreas de milho menos susceptíveis, a safrinha brasileira ainda poderia ser reduzida para até 75 a 76 milhões de toneladas no cenário mais pessimista, resultando em uma produção total de milho em 99 milhões de toneladas no Brasil”, indica Thieme.