O mercado de defensivos agrícolas no Brasil encolheu 10,4% em 2020, fazendo com que a indústria encerrasse o ano com faturamento de US$ 12,1 bilhões, ante US$ 13,5 bilhões em 2019. Os dados são do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).
A forte valorização do dólar ante o real ao longo do ano passado foi o principal fator da queda. Isso porque as empresas do setor negociaram os insumos em real, no início de 2020, com um câmbio próximo de R$ 4,20, e receberam o pagamento de produtores, três a quatro meses depois, quando a moeda norte-americana estava bem acima de R$ 5 por saca. Assim, caiu a receita em dólar, moeda com a qual a indústria adquire a maior parte das matérias-primas necessárias à produção.
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“Nós vendemos para clientes – produtores, cooperativas, distribuidoras – boa parte dos produtos em reais, mas importamos as matérias-primas em dólar. No fim de 2019, o dólar estava em torno de R$ 4,20, mas quando fomos faturar o produto para clientes e entregar, chegou a até R$ 5,80. Creio que muitas empresas tiveram problemas financeiros importantes”, afirma o presidente do Sindiveg, Julio Borges.
“De janeiro a dezembro de 2020, a perda cambial foi de 18,5% para o setor. Não conseguimos fazer o repasse integral do aumento dos custos, algo que deve acontecer este ano”, acrescenta.
Antecipação de compra de defensivos
Outro ponto que acentuou as perdas foi a antecipação das negociações de insumos no começo de 2020, especialmente para grãos. Com preços já considerados remuneradores naquela época, o setor contratou defensivos a partir de fevereiro, enquanto historicamente as compras eram realizadas a partir de abril. Assim, a distância entre a data de negociação dos insumos e do pagamento aumentou, deixando a indústria exposta por mais tempo às variações cambiais. A soja, principal cultura plantada no Brasil, foi responsável por 48% do faturamento do setor em dólar, com US$ 5,8 bilhões investidos pelos produtores. O milho ficou em segundo lugar no ranking, com 13% do total ou US$ 1,6 bilhão.
Apesar do resultado negativo em dólar, o mais baixo dos últimos cinco anos, o valor do mercado de defensivos em real aumentou 10%, de R$ 53,8 bilhões para R$ 59,1 bilhões. A área tratada com agroquímicos no Brasil também aumentou, 6,9%, e chegou a 1,6 bilhão de hectares, 107 milhões a mais do que em 2019. O levantamento foi encomendado pelo Sindiveg à Spark Consultoria Estratégica.
Para chegar a esse número, a consultoria soma as áreas pulverizadas por cada produto, o que significa que a mesma área pode ser contabilizada mais de uma vez, seja porque foi utilizada em uma segunda safra, seja porque recebeu mais de um tipo de defensivo.