Embrapa Soja coordena o primeiro banco de microorganismos virtual do país

Utilização de inoculantes com rizóbios substitui uso de fertilizantes nitrogenados e gera uma economia de US$ 6,6 bilhões por anoOs inoculantes feitos a partir de bactérias conhecidas popularmente como "rizóbios", encontradas normalmente no solo, mas colocadas em concentrações elevadas no produto, conseguem diminuir consideravelmente, ou até eliminar, a necessidade do uso de fertilizantes nitrogenados em várias culturas, diminuindo os custos de produção e o impacto ambiental causado pelos fertilizantes.

Além do uso como inoculantes, diversas bactérias podem ser utilizadas em programas de melhoramento genético e no controle biológico de pragas ou doenças. Por isso, a Embrapa Soja está desenvolvendo o primeiro banco de germoplasma de microrganismos do país conectado virtualmente. No banco, estarão armazenados todos os microorganismos coletados, com amostras passíveis de serem reproduzidas e utilizadas na agricultura.

Na cultura da soja, o uso de inoculantes contendo rizóbios selecionados por pesquisadores brasileiros substitui totalmente o uso de fertilizantes nitrogenados, o que representa uma economia de, aproximadamente, US$ 6,6 bilhões por ano.

O mesmo pode ser feito com a cultura do feijão, com a qual tem-se procurado popularizar o uso dos inoculantes com rizóbios, também selecionados por pesquisadores brasileiros e, portanto, adaptados às nossas variedades e condições ambientais. No caso do feijoeiro, estima-se que a utilização de inoculantes pode economizar US$ 240 milhões por ano.

No milho e no trigo, outras bactérias, denominadas Azospirillum, também podem fazer o crescimento das plantas, e a utilização de inoculantes contendo essas bactérias podem reduzir em até 30% a aplicação de fertilizantes, o que traria uma economia de R$ 2 bilhões a cada safra.

Além dos benefícios para a pesquisa e para setor agropecuário, o Brazilian Microbial Resource Center, nome dado ao centro de germoplasma virtual, ainda garante a conservação da biodiversidade, pois é composto de amostras coletadas em diferentes ecossistemas brasileiros.

Para a pesquisadora da Embrapa Soja, Mariangela Hungria, “o grande diferencial deste programa está na integração de diferentes instituições de pesquisa, o que garante um maior número de amostras disponíveis, além de evitar a perda de informações”. Ela frisa que as informações serão disponibilizadas para o público a partir de novembro, quando será lançado o site do programa (confira no Saiba Mais, ao lado), com os dados fornecidos por todas as intuições participantes.

A pesquisadora afirma que “só a Embrapa Soja já cadastrou 1.351 microrganismos”. Além disso, o “projeto atingiu plenamente seus objetivos, representando uma semente lançada para a preservação, rastreabilidade e conhecimento da rica biodiversidade brasileira em microrganismos do solo de importância agrícola”.