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Soja Brasil

Fórum Cotricampo discute escassez de fertilizantes e oportunidades para o agro

Efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia no setor foram destacados no evento, que também abordou as alternativas para composição de ração animal frente à escassez do milho

O Fórum Soja Brasil Cotricampo, que fez parte da programação da Expoagro Cotricampo, aconteceu nesta quinta-feira (24), em Campo Novo (RS). Os impactos da política e da economia no agronegócio e as alternativas para a alimentação animal, além de oferta e demanda de mercado, entraram na pauta do evento. No entanto, o cenário de disponibilidade futura de fertilizantes frente à guerra entre Rússia e Ucrânia também foi ricamente abordado pelos painelistas.

Segundo o presidente da Cooperativa Cotricampo, Gelson Bridi, o retorno do evento de forma presencial é de importância ímpar para a região e para o todo o estado do Rio Grande do Sul, principalmente em momentos de dificuldades de estiagem e de pandemia. “O evento traz uma visão de futuro para que a economia e a agricultura possam ser retomadas no Sul do país”, considerou.

Fórum Cotricampo
Da esquerda para a direita: Giovani Ferreira, Miguel Daoud, Hamilton Jardim e Antônio Petrin – Fotos: Canal Rural

O primeiro painel abordou o atual cenário internacional e como ele impacta na logística e no agronegócio. O diretor da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) Hamilton Jardim, destacou que o Brasil é dependente da Rússia em relação a alguns dos principais fertilizantes usados na agricultura nacional. “Já estamos pagando caro por esses produtos. O custo de produção para a próxima safra será caríssimo, mas, suportados por preços que ainda garantem ao agricultor a possibilidade de plantar, por mais que tenhamos essa grande seca que afetou o nosso estado”, ponderou.

O presidente da Cotricampo, Gelson Bridi (esq.), o prefeito de Campo Novo (RS), Pedro dos Santos, e a vice-prefeita do município, Marciéli dos Reis. Foto: Canal Rural

Já o comentarista de Política do Canal Rural, Miguel Daoud, salientou no Fórum Soja Brasil Cotricampo que as sanções econômicas e administrativas impostas à Rússia pelos países ocidentais poderão ter reflexos imediatos nos países dos quais ela é parceira. “Vamos ter problemas de insumos pelo bloqueio, já que haverá uma queda na cadeia de ofertas, o que vai impactar os custos. Fora a China que não está aceitando a soja no preço em que está […]. De qualquer forma, a saída para esta situação adversa é o agronegócio, desde que sejamos mais pragmáticos para enfrentar as dificuldades”, considerou.

Resiliência do setor

O diretor de Conteúdo do Canal Rural, Giovani Ferreira, por sua vez, trouxe números para mostrar a força e resiliência do setor, ainda que o contexto mundial esteja especialmente desafiador por conta da guerra que já se faz presente. “A balança comercial do agronegócio nos mostra que saímos de exportações de 100,7 bilhões de dólares em 2020 para 120,6 bilhões em 2021, um crescimento de 19,7%. Enquanto isso, os demais setores saltaram de 108,5 bilhões para 160 bilhões, um crescimento de 47,5%. Mesmo assim, é o agronegócio que sustenta o país e isso é percebido pelas importações. O agronegócio aumentou as importações em 18,9% em 2021, enquanto os demais setores acrescentaram 39,9% nesta conta. Inverte-se a ordem dos valores, com um saldo muito importante”, explicou.

Desta forma, segundo ele, o saldo do agronegócio brasileiro foi de 105 bilhões de dólares em 2021, enquanto os demais setores ficaram em déficit de 43,8 bilhões. “Neste cenário, a soja lidera em produto exportado, com 40% de participação, seguida de proteína animal, com 16,5%”, declarou.

Alternativas para alimentação animal

No segundo painel do Fórum Soja Brasil Cotricampo, que abordou mercado, oferta e demanda e alternativas para alimentação animal, o diretor da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado de Santa Catarina (Fecoagro), Paulo Pires, enfatizou que o Rio Grande do Sul vive a maior estiagem de sua história considerando um ano agrícola. “Isso gera um grande prejuízo para o produtor, tendo em vista o que ele deixou de produzir dentro da porteira, de 6,35 bilhões de reais no milho e de 42 bilhões de reais na soja. Acredito que falte atitude do governo federal, já que estamos pedindo apenas condições de produzir e de continuar a conduzir a economia brasileira”, conclamou.

O chefe-geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, também presente no Fórum Soja Brasil Cotricampo, apontou que a melhor safra de verão é preparada no inverno. “Nos últimos 50 anos, nunca houve um momento tão favorável, sob o ponto de vista de liquidez de mercado existente no Brasil e, em especial, no Sul do país. Temos para o abastecimento brasileiro uma demanda de 14 milhões de toneladas de trigo […]. Neste momento, o trigo já se apresenta com soluções tecnológicas para a cadeia do leite, da carne e para a safra seguinte, com soluções para a panificação”, declarou.

Segundo ele, A tendência é que se amplie a oferta do cereal para a composição de ração animal, sendo que, atualmente, 800 mil toneladas do produto é destinada a este segmento. “Temos solução de substituição total e parcial com o uso de cereais de inverno, trigo, cevada e triticale para o milho, já que não estamos produzindo em volume necessário por conta das estiagens”, contou.

Carência no Sul

Lemainski lembrou que os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul possuem demanda de, aproximadamente, 14 milhões de toneladas de milho para ração, sendo que em 2021 o déficit foi de metade e este ano tende a ser ainda maior. Mostrando o potencial de certos cereais, o chefe da Embrapa Trigo salientou que o triticale já se apresenta como uma solução para a produção de etanol. “Cada tonelada do grão pode produzir na ordem de 380 litros do combustível renovável e ainda sobra o resíduo que pode ser usado para rações”, afirma.

Para finalizar o segundo e último painel do evento, o gerente de pesquisa do Grupo Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Geomar Corassa, apontou que o agronegócio brasileiro precisa ter mentalidade de indústria ao fazer planejamento de longo prazo, com decisões estratégicas, táticas e operacionais. “Teremos novas estiagens no futuro, então como tornar o sistema produtivo mais resiliente, pensando, inclusive, em diluição de custos? O trigo, assim como os demais cereais de inverno, são a chave nesse processo”, considerou.

O Fórum Soja Brasil Cotricampo foi uma parceria entre Canal Rural e a Cooperativa Cotricampo. Veja o evento na íntegra:

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