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Especial - Pais alimentam esperança de que filhos permaneçam na agricultura familiar

No olhar calmo de Genoir Scalão, de 64 anos, está viva a esperança de que o filho caçula, André, de 25 anos, volte a Nova Erechim para ajudá-lo a levar adiante o que construiu durante toda a vida. Gaúcho, Genoir mora há 55 anos no Oeste catarinense, sempre trabalhando no campo. Herdou do pai a propriedade de 17 hectares, na Linha Guabiroba, em Nova Erechim, e tirou dela o sustento da família.

Com a mulher Leonice Scalão, 57 anos, Genoir colhe na propriedade os alimentos de que necessita. Produz vinho, vinagre, mel, verduras, legumes, queijo, ovos, amendoim. Como fonte de renda, restaram o rebanho leiteiro, que produz 160 litros de leite por dia, e o arrendamento de parte da terra para o plantio de soja.

? Tive que arrendar por falta de mão de obra. Só nós dois, já velhos, não damos mais conta, e a lavoura, sem cuidado, acaba dando prejuízo. Da produção de leite é mais fácil lidar sozinho ? diz o agricultor de fala mansa e pausada.

Assim como herdou a casa e as terras, Genoir espera que o filho homem dê continuidade ao legado da família. A filha mais velha, Eliane, de 33 anos, estudou e deixou a agricultura de lado. André completou o ensino médio, trabalhou na Sadia e, agora, estuda na Escola Agrícola de Camboriú. Está prestes a se formar técnico em Meio Ambiente.

? A gente gostaria que ele voltasse para casa, mas ele prefere trabalhar em Camboriú. Nos fins de semana, faz bico de garçom. Gosta de movimento. Mas leva jeito para a lida no campo ? fala o pai, orgulhoso.

A mãe, Leonice, é ainda mais esperançosa.

? Ele tem de voltar. Quem é que vai ficar aqui se não for ele? ? indaga.

Enquanto espera, o casal retoma, diariamente, a rotina. De manhã cedo, os dois levantam para ordenhar as vacas, roçar a pastagem, cuidar da casa, colher os alimentos. Tudo controlado, porque não podem mais exagerar no serviço. Genoir comprou uma roçadeira para facilitar o trabalho. Mostra como um troféu o novo equipamento, abrigado no galpão onde produz vinagre e vinho.

? A gente sempre dá uma paradinha para tomar chimarrão na sombra. Não dá mais para ser na correria. Afinal, não somos mais crianças ? brinca Genoir.

Série de reportagens O Campo Envelhece, do Diário Catarinense, conquista Prêmio Esso de Jornalismo

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