Não é surpresa para ninguém que o primeiro trimestre de 2021 seria complicado para as exportações de soja em grão. A falta de estoques, aliado ao atraso na colheita, naturalmente, gerou uma oferta menor do grão no começo deste ano. Ainda assim, o país conseguiu uma forte recuperação em março e fechou o primeiro trimestre de 2021 com o segundo maior volume exportado da história. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Desde o meio do ano passado, os analistas de mercado já apontavam a tendência de uma menor oferta de soja em grão no começo do ano. A razão, naquele momento, era o grande volume de exportações e, consequentemente, o baixo estoque. Após o início da colheita da safra 2020/2021, em setembro, a tendência se transformou em certeza de que os primeiros meses de 2021 seriam marcados por uma menor exportação, em função do atraso no plantio devido a problemas climáticos.
Começo de ano difícil
Em janeiro de 2021 veio a comprovação, o país vendeu apenas 49,4 mil toneladas de soja e registrou o pior janeiro desde 2014, quando as exportações de soja em grão não passaram dos 30,5 mil toneladas.
Em fevereiro deste ano, o país conseguiu elevar um pouco mais o sarrafo e vendeu um total de 2,8 milhões de toneladas, o que representa um recuo de 40% ante as 4,8 milhões de toneladas de 2020.
O resultado dos dois primeiros meses mostrava exatamente aquilo que o mercado esperava, o Brasil não tinha soja para vender ao exterior. No acumulado dos dois primeiros meses de 2021 o país havia embarcado apenas 2,9 milhões de toneladas, 53% menos soja que as 6,2 milhões de toneladas do mesmo período acumulado de 2020. O recorde do bimestre ainda era de 2018, quando o país acumulou vendas de 7,3 milhões de toneladas em janeiro e fevereiro.
Recuperação e recorde
Em março a colheita da soja começa a entrar com toda a força. Grandes estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná já estavam a todo o vapor nos trabalhos de retirada do grão.
O resultado de dois meses sem soja foi que março bateu o recorde histórico do mês na exportação, com 13,4 milhões de toneladas, mais de 24% de alta em relação a março de 2020, que até então era o ano recordista para o mês.
Com esse grande volume, aquela imensa diferença para os anos anteriores caiu. Ou seja, nos primeiros três meses do ano o país acumulou vendas de 16,4 milhões de toneladas de soja, chegando bem próximo do recorde de 2020 que foi de 17 milhões de toneladas.
Ainda vale destacar que o primeiro trimestre de 2021 é o 2º melhor da história, e os resultados iniciais ruins não devem limitar o potencial recorde nas exportações que deve acontecer em 2021.