Falta de chuvas preocupa produtores do Rio Grande do Sul

Alguns agricultores se veem na contingência de retardar o plantio de algumas espécies estivais devido à deficiência hídrica do soloO mês de novembro tende a terminar com um regime de chuva abaixo do padrão climatológico em todas as regiões do Rio Grande do Sul, com desvios negativos bastante expressivos na Serra e nos Campos de Cima da Serra. Essa situação preocupa os produtores que se vêem na contingência de retardar o plantio de algumas espécies estivais devido à deficiência hídrica do solo. Os dados são do Informativo Conjuntural divulgado na última semana pela Emater-RS/Ascar.

Segundo o relatório, o plantio da safra de arroz teve um bom avanço no último período, que só não foi maior devido à falta de umidade em algumas áreas das no sul e no centro do Estado. Em algumas áreas dessas regiões, é necessário irrigar para ocorrer a emergência das plantas, o que traz algum prejuízo na evolução normal das lavouras. O baixo nível das barragens e rios nestas regiões tem preocupado os orizicultores, que podem enfrentar, caso persistam as atuais condições de chuvas irregulares, restrições no uso da água para a irrigação das lavouras.

A evolução da safra do milho começa a apresentar cenários distintos em virtude das precipitações irregulares ocorridas nas últimas semanas. Enquanto no que no Noroeste e Norte, junto à fronteira com Santa Catarina, as lavouras apresentam bom estado, indicando alto potencial produtivo, na Serra, conforme relatos dos técnicos da Emater-RS/Ascar, houve a suspensão total no avanço da semeadura durante o último período, devido aos baixos teores de umidade no solo.

Na soja, a evolução do plantio também ocorreu de forma irregular entre as diversas regiões do Estado. Enquanto na Serra e no Sul, devido às condições de pouca umidade no solo, a semeadura foi interrompida, em outras regiões os produtores aproveitaram a ocorrência das chuvas dos dias 20 e 21 e intensificaram o plantio. Apesar dessa irregularidade, o percentual de área semeada situa-se dentro da média dos últimos anos.

Já para a cultura do trigo, o tempo mais seco tem sido benéfico, principalmente, para o amadurecimento e a colheita das lavouras, que, nesta semana, chegou a 90% da área. Os rendimentos também têm se mostrado muito bons, chegando em alguns casos a mais de três mil quilos por hectare. A qualidade e a sanidade dos grãos, que muitas vezes deixaram a desejar em anos anteriores, mostram-se superiores nesta safra.

A irregularidade das chuvas tem provocado atrasos na implantação das pastagens de verão. A utilização das mesmas também tem se mostrado menos intensa devido ao fraco rebrote. Na Campanha, por exemplo, com a falta de chuvas, não há mais condições para a realização do plantio, pois o solo está seco e sem condições de receber sementes. Nessa região, importante na produção de carne e leite, este é um período desfavorável para a produção, pois a oferta de forragem tende a diminuir, uma vez que as pastagens de inverno se encontram em fase de colheita de sementes e as de verão ainda não atingiram sua plenitude em termos de produção de massa verde.

A produção de leite voltou a se estabilizar, com aumento dos volumes nas bacias leiteiras das regiões Sul, Central, Produção e Celeiro. Entretanto, caso persista o baixo volume de chuvas, a quantidade e qualidade da alimentação do rebanho podem ser afetadas, com reflexos na produção de leite.