Acompanhe abaixo os fatos que deverão merecer a atenção do mercado de soja nesta semana. As dicas são do analista da Safras Consultoria, Luiz Fernando Gutierrez Roque:
– Os players do mercado da soja permanecem com as atenções divididas entre as condições climáticas para o avanço dos trabalhos de plantio e desenvolvimento inicial da nova safra norte-americana, finalização da colheita na América do Sul e sinais de demanda chinesa pela soja dos EUA. Pelo lado
financeiro, a guerra entre Rússia e Ucrânia e o os movimentos fiscais e monetários das grandes economias fecham o quadro de fatores.
– O clima menos úmido registrado na semana anterior no cinturão produtor norte-americano permitiu um melhor avanço dos trabalhos de plantio na maioria dos principais estados produtores dos EUA. Embora os trabalhos ainda estejam atrasados frente ao ano passado e à média das últimas cinco safras para este período do ano, houve certa recuperação dos atrasos acumulados inicialmente.
– Assim como na soja, no milho também houve certa recuperação, mas o ritmo continua bem abaixo da média. Lembramos que a janela ideal para o plantio do cereal se encerra no início de junho. Se os produtores não conseguirem semear toda a área até este período, cresce a possibilidade de transferências de áreas de milho para a soja, visto que a janela da oleaginosa se estende até meados de junho. Nesta última houve registro de pouca umidade sobre o cinturão, o que novamente deve ter permitido um bom avanço das máquinas. Esperamos por uma nova recuperação dos atrasos no próximo relatório do USDA de evolução do plantio. Atenção a estes dados que serão divulgados na segunda-feira (23) após o fechamento do mercado. Já a próxima semana deverá ser de clima mais úmido sobre boa parte dos estados produtores, o que pode voltar a atrapalhar.
– No Brasil, os trabalhos de colheita estão virtualmente finalizados. O Rio Grande do Sul atingiu 91% da área no final desta semana. Restam poucas áreas a serem colhidas no estado gaúcho, e as grandes perdas produtivas foram confirmadas. Alguns ajustes ainda podem acontecer, mas a produção brasileira
aparenta estar se consolidando entre 122 e 123 milhões de toneladas.
– Na Argentina, os trabalhos de colheita se aproximam da reta final. Algumas fontes indicam que os trabalhos já se encerraram na Zona Núcleo, principal região produtora do país. Aparentemente, o clima mais favorável registrado desde março impediu um aumento das perdas produtivas. A produção argentina deve se consolidar em torno de 42 milhões de toneladas. A safra sul-americana já está precificada em Chicago. Não esperamos por novos impactos.
– A demanda chinesa pela soja norte-americana continua trazendo suporte para os contratos mais curtos em Chicago. Novas vendas ainda devem ser anunciadas nas próximas semanas, e é possível que o USDA traga um novo corte de estoques em seu relatório de junho, mesmo que pontual.