O presidente Lula deve receber o projeto, que começou a ser desenvolvido nesta semana por um grupo de trabalho ligado à Secretaria de Assuntos Estratégicos, até o final deste ano. O objetivo é traçar as diretrizes do governo para impulsionar o setor até 2025.
Um dos desafios é lidar com questões ambientais e trabalhistas ? expandir a atividade agrícola sem avançar sobre a Amazônia e o Pantanal e criar empregos, sem esquecer a qualidade de vida do trabalhador. Outro assunto que vai ter atenção especial é a agroenergia. O governo quer aumentar e consolidar a produção dos biocombustíveis.
Para isso, precisa mapear uma série de problemas enfrentados hoje pelos produtores rurais, como excesso de impostos, juros elevados, volume de crédito inadequado, gargalos de logística e infraestrutura, capacidade de armazenagem, tecnologia agrícola e defesa sanitária.
O gerente do projeto é o pesquisador Décio Gazzoni, da Embrapa Soja. Ele explica que o trabalho é muito amplo e que pretende apontar as oportunidades do país nos próximos anos.
? A encomenda do presidente é que a gente procure identificar oportunidades para o agronegócio e onde existem entraves que precisam ser superados no longo prazo. E ele quer propostas concretas para implementar a partir do próximo ano: o que é prioridade, o que deve ser feito, quanto custa, quem faz e quanto tempo leva ? explica.
Especialistas comemoram a iniciativa do governo, mas alertam que antigos entraves à atividade rural exigem ações urgentes. Um deles é o endividamento agrícola. Neste ano o governo renegociou R$ 75 bilhões em débitos que precisam ser quitados antes de pensar em novos investimentos.
Esta é a preocupação Clímaco César, consultor em agronegócio. Segundo ele, a falta de soluções para os problemas atuais podem inviabilizar um planejamento de longo prazo
? Primeiro é preciso resolver os problemas da agricultura brasileira. A situação é de queda na renda agrícola e inadimplência. Enquanto não resolvermos essas bases da renda agrícola para a agricultura não dá para fazer planejamento estratégico e pensar no futuro ? afirma.