Ao ser anunciado o resultado da votação, Chávez o definiu como “uma grande vitória popular, um triunfo da dignidade e da pátria”.
Em seguida, o presidente venezuelano saudou militantes governistas do balcão do Palácio de Miraflores.
? Abrimos hoje, lado a lado, as portas do futuro. Com essa grande vitória começa o terceiro ciclo da revolução bolivariana. De 2009 a 2019 ? discursou Chávez.
O clima no referendo foi de tensão, e a presença de eleitores ? o voto era opcional ? foi considerada boa pelos dois lados em disputa e pela Justiça Eleitoral. Em um dia ensolarado, nas primeiras horas da manhã, caminhonetes com o som alto passavam pelas ruas de Caracas para acordar as pessoas e levá-las a votar.
A vitória do “sim” significa um importante respaldo político para o presidente venezuelano avançar em sua “revolução bolivariana” e pode representar sua presença perpétua no poder. Há menos de dois anos, Chávez havia sido derrotado em tentativa similar. De acordo com os analistas venezuelanos, uma diferença pequena entre o “Sim” e o “Não” poderia manter Chávez acossado por uma oposição que nos últimos anos tem conseguido sair da marginalização a ela antes imposta. A diferença superior a 10 pontos percentuais, no entanto, foi maior do que se previa.
Cerca de 16,4 milhões de venezuelanos estavam aptos a votar. Chávez o fez no início da tarde, dizendo que iria respeitar o resultado “seja ele qual for”. Ao votar, afirmou que a proposta de emenda à Constituição faz parte de uma “nova doutrina constitucional que tem a Venezuela como vanguarda”.
? Tenho muita consciência de que hoje, aqui, nas mesas eleitorais, entre muitas outras coisas que são mais importantes, meu destino político está sendo decidido. Para mim, como ser humano, como soldado, é muito importante ? disse nesse domingo, Chávez, após votar ao lado do neto no bairro de 23 de Enero, em Caracas.
O referendo ocorreu menos de três meses depois de eleições regionais e municipais, algo que Chávez destacou como exemplo de “democracia participativa”. Na ocasião, os aliados do presidente mantiveram a maioria dos Estados e prefeituras. A oposição, porém, conquistou governos importantes, reduzindo a hegemonia chavista. Cada lado se disse vitorioso.
A proposta de emenda constitucional aprovada contempla a reforma dos artigos da Carta elaborada em 1999. Pela regra vigente antes do referendo, prefeitos, governadores e presidente podiam se reeleger apenas uma vez ? sendo assim, Chávez teria de deixar o cargo em 2013 (as próximas eleições presidenciais ocorrem no final de 2012).