Ministros do G20 fecham reunião sobre crise sem propostas concretas

Mantega diz que grupo é o melhor instrumento para enfrentar a criseOs ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais do Grupo dos Vinte (G20) encerraram neste domingo, dia 9, a reunião de São Paulo (SP) destacando a necessidade de enfrentar a crise mundial em conjunto, mas sem uma proposta concreta sobre a maior regulação dos mercados financeiros e outros assuntos debatidos.

? Vamos desenvolver ao longo da semana uma agenda de propostas para levar à reunião de Washington, que será realizada no próximo sábado ? disse em entrevista coletiva o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Segundo ele, a cúpula de chefes de Estado ou de governo do G20, convocada pelo presidente americano, George W. Bush, terá o “poder político” para definir uma “proposta ambiciosa” de mudanças que pode demorar “um, dois ou três meses” para serem sentidas.

? Saio convencido de que o melhor instrumento para enfrentar esta crise é o G20 ? acrescentou Mantega.

O G20 é formado pelos países do G7 (Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, Reino Unido, Itália e França), além de Brasil, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, China, Coréia do Sul, Índia, Indonésia, México, Rússia, África do Sul e Turquia, mais a União Européia (UE), como bloco.

Sobre as propostas esperadas para a cúpula de líderes do grupo, o ministro brasileiro disse que “é difícil entrar em detalhes”. Por isso, ressaltou que “a crise não pode esperar as reformas”.

? Vamos ter que trocar o pneu do carro com ele em movimento.

De acordo com Mantega, as medidas tomadas não devem ameaçar o equilíbrio monetário e a situação inflacionária dos países. No entanto, o ministro da Fazenda destacou que, com a recessão mundial que pode haver em 2009, “o risco maior é de deflação, e não de inflação”.

O documento conjunto emitido ao final da reunião tem 17 pontos. Um deles aponta que as economias emergentes devem ter “maior voz e representação nessas instituições”. No entanto, os ministros reconheceram que essa não será uma tarefa fácil, porque alguns países resistem a reduzir suas cotas de poder no FMI, no Banco Mundial e em outras instituições, como o G7.

Lula chama países ricos de irresponsáveis

Diante de ministros da área econômica e presidentes de bancos centrais de 18 países e da União Européia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou os países ricos de irresponsáveis na abertura da reunião do G20, neste sábado, dia 8.  

Lula disse que não é justo que o resto do mundo pague pelas inconseqüências dos mercados financeiros e afirmou que quem deve tomar medidas para evitar maiores conseqüências da crise financeira global são as nações desenvolvidas.

O presidente enfatizou que a crise nasceu nas economias avançadas, em conseqüência da “crença cega” na capacidade de auto-regulação dos mercados e pela falta de controle sobre as atividades dos agentes financeiros.

? Por muitos anos, especuladores tiveram lucros excessivos, investindo o dinheiro que não tinham em negócios mirabolantes. Todos estamos pagando por essa aventura ? disse Lula.