Soja Brasil

O que esperar do mercado de soja nesta semana?

Ritmo de plantio nos Estados Unidos, problemas de armazenagem no Brasil, safra argentina. Essas são algumas questões que merecem atenção

Na semana passada, o mercado de soja teve os seguintes destaques, de acordo com o analista de mercado da Grão Direto, Ruan Sene:

  • O plantio de soja nos Estados Unidos na safra 2023/24 está avançando rapidamente, atingindo 9% da projeção total, de acordo com o USDA. A taxa supera o mesmo período do ano anterior e a média dos últimos cinco anos.
  • Movimentações de compras da Argentina, EUA e China foram acompanhadas de perto pelo mercado, reforçando a tese de que a soja brasileira encontra-se bem atrativa.
  • O dólar apresentou queda durante a semana devido a uma combinação de dados econômicos, como a desaceleração do crescimento e o aumento de gastos dos consumidores nos EUA, além do aumento de desemprego no Brasil. Dessa forma, encerrou a semana cotado a R$ 4,99 (-1,38%).
  • Diante disso, o contrato com vencimento em maio/23 finalizou a semana sendo cotado a US$ 14,45 o bushel (-2,50%) e o contrato com vencimento em julho/23 encerrou a US$ 14,19 o bushel (-2,07%).

O que esperar do mercado de soja nesta semana?

soja cotação

  • As previsões climáticas nos Estados Unidos, de acordo com Associação Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), se mostram favoráveis para o avanço do plantio, visto que apresentam um aumento de temperatura para a próxima semana. Os estados de Iowa, Illinóis e Indiana, famosos por seus grandes volumes de produção, tiveram um grande avanço de plantio na última semana. Pelas previsões climáticas para esta semana, poderão ter um avanço muito maior na área plantada, trazendo mais segurança para os produtores, pelo fato do plantio estar acontecendo dentro da janela ideal da cultura e também dentro da janela de seguro das lavouras.
  • O Brasil exportou 3,35 milhões de toneladas a mais no mês de abril quando comparado ao mesmo período do ano passado, de acordo com a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Historicamente, maio é um mês no qual as exportações brasileiras começam a diminuir, mas como abril trouxe chuvas que causaram uma redução no ritmo de operação dos principais portos, muitos embarques foram prorrogados.
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  • A Argentina pretende realizar mais compras de soja no Brasil. Perante sua grande quebra de safra, a Bolsa de Cereales de Buenos Aires (BCBA) pode trazer mais um corte na produção estimada de 22,5 milhões de toneladas. Os esmagadores argentinos já reduziram o ritmo de funcionamento, por não conseguirem soja com qualidade mínima para processamento, e a saída está sendo comprar soja brasileira. Segundo Sene, da Grão Direto, mais uma redução na expectativa de produção confirmará que o país vizinho terá de comprar mais soja brasileira.
  • A soja vai competir por espaço de armazenagem com o milho, e isso será um ponto decisivo para o produtor brasileiro a partir do início do mês de junho, que é quando o milho começará a chegar em volume no mercado. Muitos armazéns colocam o dia 31 de junho como a data limite para armazenagem de soja e, por esse motivo, o mês de maio pode trazer volumes maiores de vendas quando comparado ao mesmo período do ano passado, segundo Ruan Sene.
  • Reuniões do FED e do Copom acontecerão no início desta semana, e há uma expectativa de que o banco central dos Estados Unidos aumente as taxas de juros do país em 0,25 pontos percentuais, elevando os patamares para o intervalo de 5% a 5,25%, o que é bastante elevado e influenciará principalmente nas cotações das commodities.
  • E para o Brasil? O aumento nas taxas de juros poderá elevar também os fretes no Brasil e, consequentemente, pressionar os prêmios para baixo, causando uma permanência das quedas das cotações das commodities. Diante disso, o dólar pode manter sua tendência de queda nesta semana, ainda relutante em se manter na faixa de R$ 5,00, mas a decisão do Banco Central será fator decisivo para determinar o rumo da moeda.

De acordo com Sene, as cotações brasileiras poderão ter uma semana de valorização, respaldado pela valorização dos derivados de soja (óleo e farelo), somado a uma alta demanda das exportações brasileiras.