Não são apenas as lavouras de soja do Rio Grande do Sul que estão sofrendo com as adversidades climáticas. No Paraná, a estiagem também tem preocupado os produtores da oleaginosa. Em algumas regiões do estado, perdas de produtividade já são apontadas.
Em Toledo, oeste paranaense, a semeadura foi bem sucedida entre setembro e outubro. No entanto, do início de novembro até o começo deste ano, a irregularidade da chuva já compromete a qualidade da produção.
O presidente do Sindicato Rural do município, Nelson Gafuri, explica que o grão plantado precocemente está amarelando e, nestas condições avançadas de maturação, nem mesmo a chuva proporciona o enchimento do grão. “Plantamos soja há 50 anos e não precisamos nem esperar a colheita para saber que, infelizmente, a perda será grande”, constata.
Influência do La Niña
Para o agrometeorologista Luiz Renato Lazinski, o estado do Paraná ainda deve sofrer as influências do La Niña pelo menos até março. A boa notícia é que, na sequência, outro fenômeno entra em cena para repor a umidade no solo.
“Vamos passar por um período que chamamos de neutralidade climática, mais ou menos no outono. Assim, a partir de meados do inverno para frente, no segundo semestre, já teremos o retorno deste novo El Niño, o que é a boa notícia”.
De acordo com o Departamento de Economia Rural do Estado do Paraná (Deral) ainda é cedo para concluir os impactos do clima nas lavouras, mas já há indicativos de que a estimativa inicial de 25,7 milhões de toneladas terá redução. O levantamento oficial só deve ter início a partir de fevereiro, no período da colheita.
Perdas de produtividade da soja
A Aprosoja Paraná, por sua vez, esteve em contato com lideranças rurais dos municípios de Toledo, Palotina e Assis Chateaubriand, que informaram observar comprometimento na qualidade e na evolução das lavouras pela falta de chuva.
A entidade confirmou relatos de redução de até 50% na produtividade e considera a situação crítica para o produtor, já que os investimentos para a implantação do ciclo 22/23 foram elevados.
O presidente da Associação, Eduardo Costa Cassiano, lembra que a safra 22/23 está sendo a mais cara da história. “É uma situação muito preocupante porque se investiu muito nesse plantio. Uma tonelada de adubo que se pagava R$ 1.600, chegou a R$ 6.200 a tonelada. Os insumos no geral subiram. Podemos falar em um aumento de custo na faixa de 40%”, afirma.
Segundo ele, o momento é de os produtores e as entidades do setor dialogarem com os credores e com o próprio governo.