Prejudicado pelo fenômeno La Niña durante o verão, período crucial para o desenvolvimento da soja, o agronegócio do Rio Grande do Sul ainda sofre os efeitos da seca. Resultado disso: cerca de 200 municípios em situação de emergência.
Durante o verão, período crucial para o desenvolvimento da soja, o efeito La Niña prejudicou as plantações, indica a hEDGEpoint Global Markets. Com clima quente e ausência de chuvas, os grãos semeados por volta de outubro e novembro de 2022 tiveram dificuldades para crescer e amadurecer até a época de colheitas, entre janeiro e abril.
“Mesmo com chuvas no radar e já se manifestando em algumas regiões, ainda é difícil visualizar um bom cenário para os produtores”, indica o gerente sênior de Relacionamento da empresa, Eduardo Três.
Quebra de produção e prejuízos financeiros
A expectativa inicial de produção de 22 milhões de toneladas de soja em solo gaúcho caiu para 15 milhões de toneladas. De acordo com o especialista, se esse número se mantiver, será uma excelente notícia. A respeito dos prejuízos financeiros, estima-se perda de 6 a 7 bilhões de reais para a economia do estado.
“Apesar de o principal impacto ser no bolso do agricultor, toda a cadeia econômica acaba sendo afetada. É um valor que deixa de chegar ao estado e circular no comércio, serviços e outros”, observa.
No Brasil, quatro estados são responsáveis por 70% da produção de grãos no país: Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás. Entre eles, Mato Grosso é o maior produtor e o Rio Grande do Sul, o quarto no ranking nacional. Mesmo assim, a soja segue como uma das protagonistas na economia do estado sulista.
Exportações de soja
Já são três anos seguidos de fenômeno La Niña no verão, período de crescimento da soja. No entanto, mesmo com a estiagem, as exportações de grãos do agronegócio brasileiro atingiram o maior valor da série histórica em 2022.
Isso porque houve queda no volume embarcado, mas aumento nos preços médios dos itens. A venda de trigo e o estoque de soja (da safra 20/21) compensaram a quebra de safra 21/22. Contudo, com a volta da seca no verão 22/23, já fica mais complicado ter estimativas de aumento, seja em volume ou em valores, avalia a hEDGEpoint.
“Como a precificação da soja depende também de oferta e demanda, quando há pouca oferta o preço pode subir. E nesse caso, o Centro-Oeste deve suprir as demandas, pois lá o clima é mais previsível e já se consolida uma nova safra recorde em 22/23”, considera o especialista.