O Brasil deve produzir cerca de 153 milhões de toneladas de soja em uma área de 43 milhões de hectares na temporada 22/23, de acordo com a consultoria Safras & Mercado. Se confirmados, os números representam crescimento produtivo de 20% e incremento de 4% em solo semeado ante o ciclo passado.
No Centro-Oeste, principal região produtora do país, a estimativa é de produção de 72 milhões de toneladas do grão, aumento de 6% em comparação à última safra. Assim, há expectativa de avanço em Mato Grosso, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul. A exceção é Goiás, onde é esperada uma queda de 365 mil toneladas.
Já no Nordeste, a perspectiva é de uma produção de 14 milhões de toneladas, um aumento de quase 3%. Nesses estados, a projeção é de um avanço na Bahia e no Maranhão. O único que deve ter retração é o Piauí, cuja projeção inicial dá conta de 44 mil toneladas a menos.
O Sudeste, por sua vez, deve apresentar aumento de 5% ante a temporada 21/22, com mais de 12 milhões de toneladas. Na região, tanto Minas Gerais como São Paulo devem registrar avanço, com destaque para os paulistas, cuja projeção é de incremento de 10%.
Na Região Norte são previstas mais de 9 milhões de toneladas de soja, aumento de 10% na produção. Por lá, todos os estados tendem a marcar avanços produtivos, principalmente Roraima, onde se prevê expressivos 30% de aumento frente à safra 21/22. No estado do Pará – onde será realizada a Abertura Nacional da Colheita da Soja – também há expectiva de crescimento no cultivo do grão.
Por fim, a região Sul, que responde por quase 30% da produção nacional, deve registrar cerca de 44 milhões de toneladas de soja, aumento de 80% na comparação com o ciclo anterior. Contudo, diante da falta de chuva nas últimas semanas, houve reduçaõ de 1,313 milhão de toneladas ante o relatório anterior da consultoria Safras & Mercado.
Crescimento da produção nas últimas décadas
Especialistas acreditam que novas revisões negativas podem ocorrer na produção de soja nesta safra 22/23, mas, no geral, como dito anteriormente, apenas dois estados devem registrar recuo produtivo na comparação com a última temporada: Goiás e Piauí.
O presidente da Aprosoja Pará, Vanderlei Ataídes, afirma que o estado tem crescido a sua produção a cada ano e, neste ciclo, se aproxima de um milhão de hectares cultivados com a oleaginosa. “Nos últimos 20 anos a soja tem se consolidado cada vez mais no Pará. Este ano, faremos a Abertura Nacional da Colheita da Soja, em Santarém”, conta.
Ritmo de comercialização da nova safra
O analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, destaca o aumento de produção no Brasil nesta temporada, embora faça ressalvas quanto aos impactos do clima no Sul. Ele destaca que a entrada da nova safra no mercado deve pressionar os preços da soja e explica que a diminuição em Goiás e Piauí se deve ao desempenho fora do comum atingido por ambos no último ciclo.
“Se o clima ajudar nas próximas semanas, ainda podemos ter uma safra razoável no Rio Grande do Sul, próxima das 20 milhões de toneladas ou até um pouco mais. Com relação à comercialização brasileira, ainda estamos com os negócios avançando em ritmo lento e bastante atrasado frente à média das últimas cinco safras para essa época do ano. Até o início de janeiro, tínhamos 28,5% da nova safra negociada contra uma média de 40%”, declara.
Sergundo ele, a entrada de uma safra tão grande no Brasil pesa sobre as cotações nas próximas semanas. “Então entendemos que o produtor pode avançar um pouco mais na comercialização, entendendo que o ambiente nas próximas semanas e meses é um pouco mais negativo em termos de formação de preços”, finaliza.