Os produtores de São Paulo destinaram 1,350 milhão de hectares para o cultivo de soja na safra 2022/23, acréscimo de 10% em comparação à última temporada, de acordo com a consultoria Safras & Mercado, parceira técnica do Projeto Soja Brasil.
No município de Cerquilho, a 150 km da capital, os sojicultores estão animados. Paulo Bettini, por exemplo, semeou o grão em mil hectares e espera obter produtividade superior à alcançada no último ciclo. “No ano passado, tivemos uma produtividade média em torno de 70 sacas por hectare. Em uma área específica [da propriedade], colhemos 78 [sacas]. Esse ano, acredito que vamos superar essa marca”, conta.
Segundo ele, a parceria com uma assistência técnica está rendendo bons frutos. “Ele [o consultor] comentou com a gente sobre o regulador de crescimento, um produto que usamos quando o tempo fica muito encoberto, com muita chuva, a soja vegeta muito e cresce bastante. Assim, a estratégia é usar esse regulador para limitarmos o crescimento entre os nós para regularmos o crescimento dela e para a planta gastar menos energia com o crescimento, com o vegetativo, e mandar mais energia para as vagens e o grão, que é o que nos dá a produtividade”, explica.
Custos e venda antecipada
A atual temporada da oleaginosa tem sido marcada por muita instabilidade por conta da guerra na Ucrânia e a política de Covid-Zero adotada pela China. Esse cenário faz com que o produtor rural tenha ainda mais cuidado na hora de comercializar a safra.
Mesmo otimista, Bettini ressalta as dificuldades dessa temporada, principalmente no que diz respeito aos custos de produção e à comercialização. “Todo ano fazemos um pouco de venda antecipada, [mas] este ano fizemos muito pouco, em torno de 10% a 15% de travamento, até porque o preço caiu e estamos esperando que dê uma reagida. O custo aumentou bastante, não só o dos insumos, mas o de arrendamento também, o que acaba afetando o custo de produção”, enfatiza.
Crescimento da soja em São Paulo
Na safra 2022/23, o estado de São Paulo deve produzir quase 5 milhões de toneladas de soja, com produtividade média estimada em 3.720 kg por hectare (62 sacas).
A engenheira agrônoma Renata Sebastiani presta consultoria aos produtores que comercializam a soja na região. “A cultura da soja no estado [de São Paulo] tem ganhado muita relevância. A importância da exportação de commodities é cada vez maior e a nossa proximidade com o Porto de Santos tem atraído também os produtores, obviamente pelo preço pago no mercado […]”, afirma.
Segundo ela, a gestão da propriedade é a chave para que o produtor tenha maior controle a respeito dos custos de produção.