Desde 2006, o governo adota cotas de exportação para garantir o abastecimento interno e segurar os preços. Para os produtores, essa política é prejudicial a eles, pois elimina a concorrência entre moageiros e exportadores, que pagam um preço menor no mercado interno.
? Cargill simboliza os que ganham. As condições garantem à empresa lucros fenomenais ? disse o presidente da Federação Agrária Argentina (FAA), Eduardo Buzzi.
Em nota, a entidade afirmou:
? Os produtores voltam a se manifestar na porta da empresa gigante, que é uma das que está acumulando enormes lucros por causa das políticas agropecuárias do governo.
O protesto, no entanto, não deve afetar o funcionamento da unidade da Cargill, localizada no complexo agroportuário de Rosario.
O locaute do setor estava previsto para ser finalizado no domingo, mas os líderes ruralistas já afirmaram que podem continuar com o protesto, caso o governo não dê uma resposta ao setor. Desde 2006, quando começou a intervenção oficial no setor, cerca de 20 empresas exportadoras foram afetadas e algumas delas fecharam.
Segundo o diretor da consultoria Mercampo, Gabriel Pérez, as empresas ADM, Associação de Cooperativas Argentinas (ACA-vinculada a uma cooperativa de produtores e sócia da Coninagro, uma das entidades que promove o locaute), Nidera, Bunge, Cargill, Oleaginosa Moreno, Toepfer e Dreyfus concentraram 88,5% dos 2,9 milhões que o país exportou em outubro de 2010.
O estudo da consultoria mostra que no último ano de exportação livre, sem cotas, a Argentina vendeu 9,2 milhões de toneladas e as empresas mencionadas representaram 93,81% destas vendas. Somando a participação de outras cinco companhias – Gear, Noble Argentina, Curcija, Aceitera General Deheza e Agricultores Federados Argentinos (AFA, cooperativa fundada pela Federação Agrária Argentina, outra entidade que promove o locaute), elas representam 97% das exportações de trigo em 2010.
Segundo o relatório de Pérez, no ano passado a Bunge foi a companhia que mais exportou trigo, com 587.553 toneladas, seguida pela Cargill, com 521.541 toneladas, e ADM, com 382.590 toneladas. Embora o volume de 2010 tenha sido menor que o de 2006, as grandes companhias mantiveram suas porcentagens de participação no mercado.
? Bunge teve 19,59%; Cargill, 17,39% e ADM 12,76% ? disse.
A ACA, vinculada aos produtores, vendeu 278.004 toneladas e teve uma participação de 9,27%.