Com uma colheita estimada em 8,27 milhões de toneladas, segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Estado deve apresentar uma quebra de até 35% na safra deste ano.
A estimativa é de que, do total de soja colhida no ano passado (11,7 milhões de toneladas), ainda existam dois milhões de toneladas estocadas no Estado. Se a quantia não for suficiente para suprir a demanda, a alternativa será comprar de Paraguai, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
O fato pode onerar o preço da soja. Pensando nisso, o setor espera que o governo federal aumente o crédito presumido na venda do biodiesel para as esmagadoras e as usinas.
– Utilizar esses estoques seria contar com uma safra 2012/2013 cheia para manter os atuais níveis de esmagamento e exportação. Teremos de comprar soja de outros Estados ou reduziremos a exportação – diz o gerente da Camera, João Artur Manjabosco.
Entre as razões que levam os produtores a estocar estão a precaução e a valorização do grão. Segundo Ireneu Orth, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja RS), o armazenamento funciona como garantia ao produtor.
– É uma espécie de poupança. Alguns vendem na medida em que precisam de dinheiro. Outros estocam na espera de melhores oportunidades de negócios, como ocorre em época de seca – afirma.
Na Cooperativa Tritícola Taperense Ltda (Cotrisoja), em Tapera, a minoria dos agricultores tem o hábito de guardar parte da produção. Em razão da alta produtividade na safra passada, os estoques foram maiores do que o comum. Do total colhido pelos 1,4 mil produtores, aproximadamente 15% ficou guardado na virada de 2011 para 2012.
Na região, a soja é vista como uma moeda, e a cooperativa acaba sendo uma espécie de caixa-forte para seu armazenamento.
A expectativa dos produtores é de que o preço da saca chegue a R$ 50 – atualmente, tem oscilado entre R$ 40 e R$ 45.
– O produtor vê a cooperativa como um lugar seguro para esperar bons negócios. Alguns deixam por até dois anos – explica o presidente da Cotrisoja, José Gilberto Seibel.
*Colaborou Caio Cigana