A liberação dos recursos foi autorizada após o Conselho Monetário Nacional (CMN) alterar um conjunto de regras sobre os depósitos compulsórios. O objetivo foi reforçar os repasses para o crédito rural, mas, para Zordan, talvez por um excesso de precaução, os bancos estariam segurando esse dinheiro.
A falta do crédito teria efeitos diretos na produção agropecuária do Estado. O produtor seria prejudicado sem os recursos necessários para arcar os custos do plantio do milho, que está em andamento, e da soja, que ocorre nos próximos meses.
Nas cooperativas, o impacto seria sobre o capital de giro. Responsáveis por comprar os insumos para a safra e financiar parte da produção, elas podem acabar descapitalizadas se a interrupção nos repasses se prolongar por mais tempo.
Na Copercampos, cooperativa de Campos Novos, no Meio-Oeste, o volume de recursos liberados pelos bancos não passa dos 30%. De acordo com o gerente financeiro, Ilceu Luiz Machado, o normal nesta época do ano seria ter em torno de 80% do crédito necessário para a safra. Ele explica que, enquanto alguns bancos mantêm um ritmo normal de repasses, outros travaram as negociações totalmente, entre eles, principalmente, os privados.
? Todo dia é uma briga com eles para conseguir as liberações.
No Banco do Brasil (BB), principal financiador da agropecuária do Estado, os repasses ocorrem em ritmo mais próximo da normalidade, prejudicado apenas pela greve dos bancários, ressalva Machado. O gerente de mercado agropecuário do banco, Marcelo do Canto, garante que todas as linhas de financiamento para o campo têm crédito.
Mesmo assim, o BB antecipou para o orçamento de 2008 recursos que estavam previstos apenas para o próximo semestre. Para Canto, esse dinheiro servirá como uma garantia e é provável que não seja necessário.
Outro risco para as cooperativas está sendo a dificuldade encontrada para exportação de seus produtos. O superintendente da Ocesc, Geci Pungan, afirma que os importadores de carnes de aves e suínos estão suspendendo encomendas.