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ANÁLISE GRÃO A GRÃO

Quais surpresas o mercado da soja traz para esta semana?

Analista de Mercado destaca expectativas quanto ao clima dos Estados Unidos, fundamental à formação de preços da oleaginosa no Brasil

Sempre atento, nunca indiferente. Essa definição se encaixa perfeitamente no produtor de soja brasileiro.

Para ajudá-lo a se lembrar do que aconteceu de marcante na semana passada e as surpresas que estão por vir, o analista de Mercado da Grão Direto, Ruan Sene, traça as seguintes observações:

  • Clima e plantio nos Estados Unidos

O ritmo de plantio da soja em boas condições limitou a valorização dos preços em Chicago. No entanto, a escassez de chuvas em algumas regiões do meio-oeste norte-americano trouxe uma preocupação adicional e afetou os preços da soja na bolsa futura.

  • Biocombustíveis no radar

Na segunda-feira (22), a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) enviou uma revisão dos requisitos de biocombustíveis, sugerindo um aumento no consumo. A expectativa sobre o óleo de soja impulsionou a valorização em Chicago.

  • Dólar permaneceu abaixo dos R$ 5,00

A aprovação do texto-base do novo arcabouço fiscal pela Câmara dos Deputados e a continuidade da renegociação da dívida dos Estados Unidos foram os principais destaques, resultando em queda de 0,20% no dólar, fechando a R$ 4,99.

  • Dívida nos Estado Unidos

Durante a semana passada, ocorreram reuniões entre o presidente dos Estados Unidos e o da Câmara, mas não foi alcançado um acordo para aumentar o limite de gastos do país. Tal fato acresceu ainda mais as preocupações do mercado em relação a um possível calote nas dívidas norte-americanas.

Diante desses fatores, o contrato de soja com vencimento em julho deste ano finalizou a semana sendo cotado a U$ 13,36 o bushel (+2,38%) e o contrato com vencimento em agosto encerrou a U$ 12,60 o bushel (+1,12%).

Assim, com a manutenção do dólar junto às valorizações de Chicago, a semana para a soja fechou positiva com relação à semana anterior.

O que esperar do mercado para os próximos dias?

soja
Plantio de soja. Foto: Divulgação
  • Clima no centro das atenções:

Com a maior parte da área de soja projetada já plantada nos Estados Unidos, o mercado agora está voltando sua atenção para o clima norte-americano. Os modelos climáticos indicam um aumento na temperatura e uma escassez de chuvas nos próximos sete dias na região agrícola daquele país.

Regiões como o norte de Oklahoma, o estado de Kansas, Nebraska, Dakota do Sul e uma parte do leste de Iowa podem enfrentar um risco mais alto de seca caso não ocorram chuvas para beneficiar as lavouras. Se esse cenário se confirmar, pode levar a novas altas nos preços em Chicago, segundo Sene.

  • Fundos de gestão ativa pessimistas com a soja:

Os fundos de investimentos reduziram suas apostas na alta de preços da soja em Chicago, de acordo com dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC). A posição líquida comprada diminuiu 56,2% no período. Caso esse ritmo continue, há grandes chances dos fundos ficarem vendidos, fato que aconteceu em 2020, com o início da pandemia.

  • A relação de troca ainda é favorável:

Com a queda acentuada nas cotações dos fertilizantes, principalmente ureia, NPK e MAP, as condições ficaram favoráveis para a troca por fertilizantes, mesmo com a queda de Chicago. A relação está abaixo da média dos últimos cinco anos, e isso contribui para o barateamento dos custos para a próxima safra.

  • Prêmios da soja no Brasil podem voltar a cair

Com a aproximação da colheita do milho segunda safra, os armazéns já estão solicitando a retirada dos grãos de soja, o que geralmente ocorre na segunda quinzena de junho. Além disso, o mês de maio foi marcado por poucas compras da China, pois o país tem se concentrado no trigo para fabricação de ração e no óleo de palma para consumo de óleo vegetal.

Com esses pontos alinhados, espera-se uma oferta significativa no mercado no próximo mês. Porém,  sem uma demanda adequada para absorver o volume, o que provavelmente resultará em uma queda nos preços da soja no mercado físico, de acordo com o analista da Grão Direto.

  • Revisão da geração de empregos nos EUA

Na próxima sexta-feira (2), será divulgado o relatório de geração de empregos não agrícolas (Payroll), e o mercado espera um aumento dos números. Os dados serão cruciais para determinar o rumo da economia dos Estados Unidos, pois influenciará diretamente nas decisões do banco central norte-americano para as taxas de juros.

De acordo com Ruan Sene, diante de todo esse cenário traçado acima, espera-se um uma queda do dólar no Brasil e uma continuidade de alta nos preços, diante das instabilidades climáticas norte-americanas.

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