A safra brasileira 2022/23 anunciava-se como a mais cara da história. A julgar pelo dinheiro que o produtor precisou desembolsar no ano passado para instalar a sua lavoura, a promessa se cumpriu. No entanto, com o passar dos meses, os insumos tiveram os preços reduzidos após atingirem o pico. Com a soja não foi diferente.
De acordo com o levantamento mensal de custos de produção do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a estimativa é que as sementes e os fertilizantes tenham queda no ciclo 2023/24. Assim, o adubo que saiu, em média, por R$ 2.417,29 por hectare em dezembro último tende a ser adquirido a R$ 1.964,58/ha no mesmo mês deste ano, queda de 18,7%.
Com a semente, o decréscimo projetado é ligeiramente mais tímido: 15%, de R$ 783,46 para R$ 665,49 a cada hectare. Com essas reduções, o custeio da safra tende a ficar 4,8% menor. Contudo, a diferença não é mais significativa por conta dos insumos que podem aumentar, como os defensivos, incluindo herbicidas, inseticidas, fungicidas e adjuvantes. Nestes, a alta prevista é de 19,2%. Além disso, a mão de obra é outro componente com alta esperada, apontada em 40,4%.
Custo operacional total da soja
O Imea faz o planejamento para todos os custos operacionais ligados à produção, manejo, beneficiamento e transporte da soja. Desta forma, o aumento esperado entre a safra 2022/23 para a 2023/24 – tendo dezembro como referência – é de 3%. Isso significa que o sojicultor mato-grossense que teve custos de R$ 6.557,27 terá de arcar com R$ 6.756,04 por hectare.
Nessa esteira, o que mais pesará no bolso do produtor é o arrendamento, cuja elevação é apontada em 16,9% entre um ano e outro. Assim, parte de R$ 301,41 para R$ 352,50 por hectare.
É importante salientar que esses preços dizem respeito à soja geneticamente modificada e não incluem os custos de oportunidade, como capital circulante e benfeitorias. Com esses ingredientes na conta, a elevação é de 5%. Isso significa custos de R$ 8.010,71 por hectare trabalhado.
Produtor deve se atentar aos custos
Em entrevista ao Canal Rural Mato Grosso, o superintendente do Imea, Cleiton Gauer, salientou que é importante que o produtor de soja acompanhe os custos de produção do grão para “pautar as negociações e adequar o gerenciamento de riscos”.
Além disso, a relação de troca é outro ponto a ser analisado, “principalmente neste momento em que os fertilizantes vêm retraindo em relação ao ano passado”. Com isso, de acordo com Gauer, o agricultor consegue avaliar quando pode se comprometer com menos soja para comprar a mesma quantidade de insumos em relação ao ano passado.