De um canavial de Piracicaba, em São Paulo, devem sair nesta safra 360 mil toneladas de cana. Em cada hectare, o produtor Odair Novelo espera uma produtividade de 83 toneladas, o que está dentro da média para a região Centro-Sul do Brasil, que concentra a produção nacional. Mas, Odair está refazendo os cálculos do rendimento que vai ter.
A situação em uma área do canavial justifica a mudança nos planos do produtor. Um temporal na semana passada atingiu 70% da plantação. A cana atingida, que deveria ser colhida em setembro e outubro, não está perdida, mas o produtor vai ter que mandar para a usina imediatamente. Como a cana não se desenvolveu bem, ela vai ter qualidade menor e, consequentemente, vai valer menos também.
? Eu vou perder 25% da plantação ? disse Odair.
Odair esperava que a concentração de açúcares do canavial, a chamada ATR, fosse boa este ano. Ele estava contando com pelo menos 140 quilos por tonelada. Com o temporal, ele acha que não chega nem a 120 toneladas. Outros produtores estão na mesma situação. A safra da região, que inclui 75 municípios, deve ter uma quebra de 6%.
O presidente da Cooperativa dos Plantadores de Cana da Zona de Guariba (Coplana), José Coral, diz que essa perda se refere ao clima. Segundo ele, o tempo foi muito seco no fim de 2010 e chuvoso demais em janeiro e fevereiro deste ano.
Há muita cana sendo colhida ainda de canaviais velhos. O baixo índice de renovação das lavouras afeta a produtividade e a qualidade do produto. A cada 5, 6 anos, as usinas renovam apenas 20% dos canaviais.
? A renovação é interessante, mas o que o setor precisa é de mais usinas para aumentar a produção ? frisou Marcos Yank, presidente da Unica.
No início do ano, a previsão da Unica era de que as usinas do Centro-Sul do Brasil moessem nesta safra 568 milhões de toneladas de cana. A queda na produtividade fez o setor rever este número. O diretor da instituição diz que não existe ainda uma nova estimativa, mas Pedro Mizutani, vice-presidente da Cosan Açúcar e Álcool (CAA) e conselheiro da Unica, admite uma previsão de queda.
? A estimativa é de queda de 5% em relação à primeira previsão ? observou Pedro Mizutani.