Apesar do bom desenvolvimento da safra, o clima requer atenção especial.
– A distribuição das chuvas não é uniforme e, em algumas áreas, há escassez – informa o diretor do Deral, Francisco Carlos Simioni.
– Tem ocorrido chuvas em várias regiões do Estado, mas aquém do esperado – acrescentou.
As principais culturas plantadas no Estado – como soja, milho e feijão das águas – começam a entrar em fase crítica e precisam de água para continuar o desenvolvimento.
Segundo Simioni, a situação ainda é confortável, mas é preciso ficar alerta. Órgãos do setor público – como Seab, Iapar e Emater – além das cooperativas, empresas de assistência técnica e produtores devem manter um monitoramento constante já que a variável é fundamental para alcançar bons níveis de produtividade.
– Se houver normalidade no clima, o Paraná deverá colher novamente uma ótima safra e em um momento de bons preços, o que favorece os produtores, o comércio, a indústria, os consumidores, enfim toda a cadeia produtiva. Será um ano para os produtores ganharem dinheiro novamente – afirma.
Simioni ressalta que o retorno da regularidade das chuvas colocam o Brasil na expectativa de ser o segundo maior fornecedor mundial de grãos em 2013. O Paraná tem grande responsabilidade nesse fornecimento porque produz 22% dos grãos do país.
– Estamos na expectativa de clima normal daqui para frente para que o produtor possa alcançar um equilíbrio financeiro com sua atividade, o que é bom para a economia do Estado e do país – afirma.
Grãos
Segundo o relatório do Deral, 75% da soja plantada no campo entra na fase de floração a partir do início de dezembro, período que aumenta a demanda por água. A soja ocupa uma área de 4,62 milhões de hectares, o que corresponde a 81% do total de área plantada com todos os grãos de verão.
O economista Marcelo Garrido, chefe da Divisão de Conjuntura do Deral, diz que os preços da soja se mantêm em alta, o que levou os produtores a anteciparem as vendas. Até agora, 35% do volume de soja previsto para safra 2012/2013 já estão vendidos, contra 21% no mesmo período do ano passado.
O relatório do Deral manifesta igual preocupação sobre o clima em relação ao milho. Cerca de 85% da área plantada, estimada em 849.358 hectares, entra em fase de floração, e requer água. De acordo com a engenheira agrônoma Juliana Tieme Yagush, os produtores estão na expectativa da regularização das chuvas a partir do inicio de dezembro, conforme previsões do Simepar para todo o Estado.
O Deral prevê uma produção de 6,96 milhões de toneladas de milho nesta primeira safra, volume 6% acima do colhido em igual período do ano passado (6,53 milhões de toneladas). No Paraná, o maior volume da safra de milho está sendo cultivado na segunda produção, que vai de fevereiro a abril.
O feijão da primeira safra apresenta expectativa de safra modesta no Paraná, já que a maior parte da área cultivada está ocupada pela soja. Este ano, a cultura está ocupando uma área 16% menor em relação a do ano passado, caindo de 247.589 hectares plantados para 208.185 hectares cultivados com feijão.
Se tudo correr bem, a produção será de 356.596 toneladas, pouco acima da produção do ano passado, quando foram colhidas 349.903 toneladas de feijão. A safra de feijão já está em início de colheita porque é plantada mais cedo.
De acordo com o engenheiro agrônomo Carlos Alberto Salvador, a colheita aponta para uma queda na produtividade decorrente da estiagem ocorrida em agosto, período que o feijão é plantado no Estado. Ele espera, porém, que com o avanço da colheita, essa diferença seja superada com os avanços de produtividade.
A queda no plantio de feijão nos últimos anos tem contribuído com a alta no preço do produto que chega ao consumidor. O feijão está cotado em torno de R$ 140,00 a saca para o de cor, considerado um dos melhores preços dos últimos anos.
A produção de trigo no Paraná está sendo concluída com bons resultados ao produtor, apesar de a cultura ter ocupado a menor área nos últimos anos (744.592 hectares). O clima colaborou e a safra resultou num volume de 2,1 milhões de toneladas.
A qualidade do grão de trigo colhido nas várias regiões do Estado é excelente e o preço do trigo está satisfatório ao produtor.
– O trigo está sendo vendido por R$ 34,00 a saca, melhor preço pago ao produtor nos últimos anos – informa o engenheiro agrônomo Carlos Hugo Godinho.
Segundo Godinho, o mercado de trigo está comprador, com 56% da produção vendida. Os moinhos estão acelerando as aquisições com receio de que o preço aumente ainda mais com a escassez do produto na Argentina, grande exportadora.