No início desta semana, a Bolsa de Chicago emendou três sessões de alta para os contratos futuros da soja. No Brasil, os preços médios praticados no mercado físico estão variando de 190 a 200 reais. De acordo com o coordenador de grãos da Datagro, Flávio França Júnior, as últimas três safras norte-americanas já davam sustentação para os valores praticados atualmente.
“Os problemas de severas perdas na América do Sul, com quebra de 30 milhões de toneladas na soja, provocou um buraco na disponibilidade dos estoques mundiais, com efeito nos estoques norte-americanos, porque parte da demanda sul-americana está sendo transferida para os Estados Unidos. Então o mercado deu um salto, mudou de patamar e veio para a casa dos 15, 16 dólares [por bushel]”, explica.
Segundo ele, outro fator decisivo à escalada de preços é a guerra entre Rússia e Ucrânia que levou ao aumento do milho e do trigo, trazendo a soja a reboque, fazendo com que o patamar de Chicago fosse para 17 dólares por bushel. “Olhando para a frente, não há uma facilidade para reduzir esses valores porque, primeiramente, é preciso resolver o problema da guerra para que, em tese, o trigo e o milho da Rússia e da Ucrânia voltem para o mercado, o que é difícil de visualizar em curto prazo”, enfatiza.
Por conta destes fatores, Franja Júnior acredita que o ano de 2022 será bastante favorável para o vendedor da soja. “O problema está na outra ponta, a do comprador, que está sofrendo um aumento de grão, de farelo, de óleo e de outros grãos e cereais”, afirma.
De acordo com ele, os Estados Unidos devem sinalizar, em relatório a ser publicado no final deste mês, um expressivo aumento de área plantada para a próxima safra, o que deve contribuir para a regularização dos estoques do país e, também, globais.