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Soja Brasil

Soja: como foi o mercado em 2022 e o que esperar para 2023

Analista faz panorama dos preços pagos pela oleaginosa no ano, o comportamento de Chicago e o que esperar do mercado nos próximos meses

vagens de soja no campo
Cenário da soja em 2022 em termos de preços foi positivo. Foto: Pixabay

O ano de 2022 foi positivo para a soja brasileira, marcado pelos preços firmes e elevados, na opinião do analista da consultoria Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque. “No mês de março, mesmo com a entrada da nova safra, atingimos o pico de preços do ano. Nos portos, as cotações superaram os R$ 200 por saca, chegando a R$ 210, dependendo do momento. Foram preços jamais vistos”, lembra.

De acordo com ele, o principal fator que levou a este cenário foram os resultados atingidos na produção da temporada 2021/22. “Infelizmente, tivemos uma quebra muito grande por conta do La Niña. Tivemos fortes perdas produtivas no Sul do Brasil e Mato Grosso do Sul. Rio Grande do Sul perdeu mais da metade da safra, Paraná mais de 40%, Mato Grosso do Sul em torno de 35%. Foram perdas que superaram 20 milhões de toneladas no Brasil, algo que jamais tínhamos visto em termos de volume”, destaca.

Roque enfatiza que essa sequência de acontecimentos modificou os patamares de preços brasileiros, principalmente porque os prêmios de exportção ficaram firmes. “Neste final de ano temos preços mais baixos, mas que ainda são bem remuneradores. Olhando para a frente, podemos dizer que temos a tendência de preços mais fracos porque estamos prevendo mais uma safra recorde”.

Safra de soja gaúcha

O analista lembra, também, que o Brasil está passando pelo terceiro ano consecutivo de incidência do fenômeno La Niña, ainda que os impactos estejam mais leves. “O mais importante, agora, é o mês de janeiro para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina porque os demais estados do país tem recebido chuvas mais regulares, com até registro de excessos em algumas regiões”, detalha.

Segundo ele, de forma geral, do Paraná para cima, é possível dizer que a safra está se desenvolvendo bem. “A vantagem é que Rio Grande do Sul e Santa Catarina plantam mais tarde, então ainda não é possível consolidar perdas nestes estados […]. Se chover em janeiro no Rio Grande do Sul, que é o que os mapas meteorológicos estão apontando, poderemos ver a safra gaúcha sendo ‘salva’, algo muito semelhante ao que vimos na safra 20/21. Diria, então, que o panorama é melhor neste ano”.

Bolsa de Chicago

Cotações da soja em Chicago devem encerrar ano próximo dos 15 dólares por bushel. Foto: Pixabay

Em relação aos contratos futuros, Roque afirma que o ano de 2022 foi positivo, motivado, também, pela quebra de safra sul-americana, visto que foram observadas perdas no Brasil, Argentina e Paraguai. “Além disso, do meio do ano para o fim, entre junho e outubro, a safra norte-americana também teve problemas. Então esses dois problemas de oferta nas duas principais regiões produtoras do mundo trouxeram suporte para os preços em Chicago. Devemos encerrar o ano com preços muito próximos a 15 dólares por bushel nas primeiras posições”.

Roque afirma que para saber o cenário nos próximos meses, incluindo o primeiro semestre de 2023, é preciso esperar o desempenho da colheita brasileira, bem como o andamento da safra argentina, que passa por problemas, mas que tem chances de se recuperar nos três primeiros meses do ano que vem.

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