A demanda chinesa pela soja e por biocombustível centraliza atenções na próxima semana. Acompanhe abaixo os fatos que deverão merecer a atenção do mercado de soja na semana que vem.
As dicas são do analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque.
- Os players do mercado da soja mantêm as atenções voltadas para o clima sobre o cinturão produtor norte-americano para a reta final do desenvolvimento das lavouras e início dos trabalhos de colheita. Paralelamente, o mercado acompanha os movimentos da demanda chinesa no mercado internacional, assim como questões envolvendo a demanda por biocombustíveis nos EUA. O lado financeiro, com os players de olho na variante delta, fecha o quadro de fatores.
- O USDA voltou a indicar uma piora nas condições das lavouras norte-americanas em seu último relatório semanal. Tal fato mantém o mercado em dúvida com relação ao verdadeiro potencial produtivo da nova safra dos EUA, o que é fator de suporte para Chicago. Apesar disso, a última semana trouxe um clima mais úmido para boa parte do cinturão de produtores, principalmente nos estados da metade norte, onde se concentram os problemas de umidade. Frente a isso, é possível que o USDA aponte para a manutenção ou até mesmo melhora nas condições em seu próximo relatório (segunda-feira, 30).
- Os mapas de previsões voltaram a apontar para um período de maior umidade em boa parte do cinturão produtor no período entre os dias 27 de agosto e 2 de setembro, o que deve ser benéfico para as lavouras, impedindo o aumento das perdas produtivas. Uma melhora nas condições pode ser um fator negativo para Chicago. Atenção a este ponto.
- Os trabalhos de colheita da nova safra dos EUA podem começar ainda na primeira semana de setembro em alguns estados, visto que nesta temporada o plantio evoluiu de forma rápida e dentro da janela ideal. Diferente da umidade necessária durante o período de desenvolvimento, na colheita o clima precisa ser mais seco para que os trabalhos evoluam bem e a qualidade da soja não seja comprometida.
- O mercado também encontra algum suporte em novas vendas de soja dos EUA para a China que vêm sendo anunciadas a cada semana. A medida em que entramos na colheita, os volumes envolvidos devem crescer, o que deve ser positivo para Chicago. Já a ausência de vendas pode ser um fator negativo.
- Nos EUA, a questão dos biocombustíveis voltou a ganhar força, com a Agência de Proteção Ambiental americana (EPA, na sigla em inglês) confirmando que irá sugerir ao governo norte-americano a redução da mistura de biocombustíveis em combustíveis fósseis. Tal fato merece atenção redobrada nas próximas semanas, pois pode mexer com a demanda interna por esmagamento de soja nos EUA.
- No lado financeiro, o mercado teve uma semana um pouco mais tranquila com relação ao avanço da variante delta ao redor do mundo e a indicadores financeiros em importantes economias. As fortes perdas registradas na semana anterior em algumas commodities abriram oportunidades para o retorno dos fundos à ponta compradora, o que é fator positivo.