Acompanhe abaixo os fatos que deverão merecer a atenção do mercado de soja na semana que vem. As dicas são do analista da Safras Consultoria, Luiz Fernando Gutierrez Roque:
- Os players do mercado da soja permanecem com as atenções centralizadas no clima sobre a América do Sul, de olho no desenvolvimento das lavouras e no avanço inicial dos trabalhos de colheita. Além disso, o mercado também acompanha os movimentos da demanda chinesa no mercado internacional, com destaque para o aumento da demanda pela soja dos EUA. Fechando o quadro de fatores, o mercado digere os números do relatório do USDA de fevereiro.
- As perdas produtivas continuam a aumentar na Região Sul do Brasil e na Zona Núcleo da Argentina à medida que o clima continua pouco favorável para o desenvolvimento das lavouras destas regiões. Nesta sexta-feira (11), a Safras & Mercado reduziu novamente sua projeção para a produção brasileira, que agora deve girar em torno de 127 milhões de toneladas, bem abaixo da previsão inicial de 144 milhões de toneladas. A falta de umidade e temperaturas elevadas registradas principalmente ao longo dos meses de dezembro de 2021 e janeiro de 2022 de fato trouxeram grandes perdas produtivas para os estados da Região Sul e parte do Mato Grosso do Sul. Além disso, os mapas climáticos continuam apontando para pouca umidade nas próximas duas semanas, com destaque negativo para o Rio Grande do Sul.
- Na Argentina, apesar de o desenvolvimento ser um pouco mais tardio, boa parte das perdas já é irreversível em algumas microrregiões. Os mapas climáticos também apontam para pouca umidade nos próximos dias, o que pode levar ao aumento das perdas. Safras trabalha com uma produção de 42 milhões de toneladas, bem abaixo da estimativa inicial de 49 milhões de toneladas.
- O USDA confirmou o sentimento do mercado ao trazer cortes para as produções de Brasil e Argentina, além de corte nos estoques norte-americanos. Apesar disso, os números continuam acima da realidade da safra sul-americana. É provável que o USDA tenha que trazer novos cortes em seu relatório de março. Mesmo assim, o mercado considerou o relatório altista devido ao viés confirmado pelo Departamento. O fato é que o USDA continua com números defasados com relação à safra da América do Sul.
- Novas vendas de soja dos EUA para a China voltaram a ser anunciadas nos últimos dias, o que confirma o sentimento de uma maior demanda pela soja norte-americana em um ambiente de menor oferta sul-americana. Este é outro fator que traz sustentação para os contratos futuros em Chicago, visto que as exportações dos EUA devem crescer e os estoques devem cair nesta temporada.