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Uma boa parte da safra gaúcha de soja não deve se recuperar, mesmo com as chuvas dos últimos dias. A passagem de uma frente fria trouxe apenas um pequeno alívio. Áreas plantadas mais cedo têm perdas médias de 40%, podendo ser maiores dependendo da região. A preocupação é grande entre os produtores, que contabilizam a quarta safra de prejuízos.
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No município de Pantano Grande, na região central do Rio Grande do Sul, é dramática a situação dos produtores – desde janeiro choveu apenas um acumulado de 12 milímetros. O produtor Márcio Schaeffer, que plantou 850 hectares de soja, afirma que nenhuma área da rgião vai produzir 100%.
“Estava tudo certo com as lavouras plantadas em outubro, mas na hora de encher o grão, a seca nos tirou quase que o total da produção. Então nossa estimativa, que era de colher 50 a 60 por hectare, nem chegue perto disso. Vamos conseguir uma produção de 15 a 20 sacas por hectare”, disse o agricultor.
Faltou chuva em momentos importantes e os grãos de soja brotaram em diversos momentos. Na plantação é possível observar grãos secos, grãos verdes e grãos que foram recentemente germinados, comprometendo a produtividade da colheita.
Dados da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) mostram que, de 2020 a 2024, as estiagens provocaram perdas de R$ 117 bilhões no estado. Indústria e serviços ligados ao setor tiveram perdas que ultrapassam os R$ 319 bilhões.
O gerente técnico da Cooperativa Tritícola Caçapavana (Cotrisul), Fábio Rosso, crê numa queda de 40% na produtividade. “As lavouras estão bastante sentidas, principalmente a soja plantada do cedo e de ciclo precoce”.
Segundo Alencar Rugeri, assistente técnico em culturas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS), a situação é complexa, pois as circunstâncias variam muito entre as lavouras.
“É muito difícil quantificar valores de estado, de região e de município. Nós temos quem perdeu lavouras inteiras e tem produtor que não perdeu nada no mesmo município por época de plantio, de cultivar, manejo de solo”, diz o representante da Emater.
Ajuda
Para Fábio Rosso, o desejo é que o produtor colha algo e consiga pelo menos pagar as contas da safra. “A nossa expectativa é para frente agora. O que vai sair dos órgãos competentes para auxiliar as cooperativas e os produtores, se não o agricultor está com poder de barganha muito baixo e é complicadíssimo. A nossa esperança é que normalize daqui pra frente”, desabafou