A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) considerou “não transgênica” a edição no genoma da soja editada pela Embrapa para desativar alguns fatores antinutricionais, informou hoje a empresa.
“O parecer dado pela CTNBio em reunião extraordinária no dia 1º foi pautado na Resolução Normativa nº 16 e considerou que a planta editada não possui a presença do DNA de outra espécie”, o que faz do produto convencional, não transgênico.
O chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, considerou a decisão “uma grande conquista”. “Ao considerar essa soja como não transgênica, não há necessidade de conduzirmos o processo complexo de desregulamentação comercial de um produto transgênico. Assim, a liberação comercial é mais rápida, reduzindo custos e facilitando a entrada de produtos no mercado com a biossegurança assegurada.”
Técnica de precisão
A Embrapa Soja explica que em laboratório os pesquisadores usaram a técnica de precisão de edição gênica CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats, ou seja, Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas) para desativar o fator antinutricional lectina no DNA de uma cultivar de soja altamente produtiva.
- Soja mais resistente à seca. Como a ciência está trabalhando nisso?
- Sensor permite monitorar em tempo real a saúde das lavouras de soja
- Soja em condições de várzea: projeto estuda melhor época de semeadura
“Com essa alteração pontual e precisa no DNA da soja, conseguimos imitar alguns processos existentes na própria natureza, mas que poderiam levar muito tempo para serem obtidos por outras técnicas como, por exemplo, o melhoramento clássico”, explica Nepomuceno.
Ainda segundo a Embrapa, alguns fatores antinutricionais da soja, que é usada como componente proteico de rações animais e mesmo na alimentação humana, dificultam a digestibilidade e a absorção de nutrientes, principalmente em animais monogástricos, como porcos e frangos, que apresentam estômago com capacidade reduzida de armazenamento.