O plantio da soja na safra 2022/23 já se encerrou em alguns estados brasileiros, como Mato Grosso e Paraná. E a principal doença da cultura, a ferrugem-asiática, começa a se fazer presente em lavouras comerciais. Até esta segunda-feira (19), o Consórcio Antiferrugem havia computado os dez primeiros casos.
A maioria está em lavouras paranaenses, com seis ocorrências, divididas nos municípios de Corbélia, Londrina, Mamborê, Nova Santa Rosa, Palotina e Terra Roxa. Além disso, há registros de esporos em outras 14 localidades do estado e de aparecimento em soja voluntária em três áreas.
No entanto, não são apenas os paranaenses que estão convivendo com a praga neste início de ciclo. São Paulo confirmou dois casos (Itaberá e Itapeva); Minas Gerais um episódio, em Uberlândia; e Santa Catarina, ferrugem asiática no município de São Domingos.
Na safra 21/22, o Consórcio Antiferrugem registrou 573 casos da doença, a maioria em Mato Grosso, com 262 reportes, seguido por Rondônia, com 108. Assim, os números gerais de aparecimento do fungo na temporada passada foram 48,8% maiores do que no ciclo 20/21, que computou 385.
Estimativa para a safra atual
Ainda que a área de produção seja projetada em 43,2 milhões de hectares, recorde absoluto, o número de casos de ferrugem não será, necessariamente, igualmente alto. Segundo o pesquisador da Embrapa Soja, Rafael Soares, o clima é o fator mais importante nesta conta.
“Evidente que quanto mais plantas de soja, mais chances há de aparecer a doença. Contudo, se o clima for semelhante ao dos anos anteriores, como na região Sul em que o tempo foi mais seco e tivemos menos casos, sendo que a maior parte da ferrugem apareceu na região central do Brasil, este ano podemos ter uma repetição, ainda mais porque teremos predominância de La Niña”, considera.
Ferrugem em fase tardia
Em todas as safras computadas pelo Consórcio Antiferrugem (2004/05 a 2021/22), o maior número de casos de ferrugem asiática ocorre no estádio R5 da soja, que é a fase de enchimento das sementes. Soares destaca que esse dado comprova que o aparecimento da doença se dá em fase mais tardia.
“Por isso, é importante que as aplicações de fungicidas sejam preventivas, mas não de forma exageradamente precoce. Muitos agricultores costumam fazer as aplicações logo no estádio vegetativo, mas os próprios dados do Consórcio mostram que ocorrência de ferrugem em V3 ou R1, R2 são exceções”, especifica o pesquisador.