O presidente da TAM, Líbano Barroso, ressalta que a companhia honra seu compromisso social e de sustentabilidade com essa iniciativa.
? Empenhamos nossos melhores esforços para utilizar matéria-prima brasileira na produção desse biocombustível com benefícios econômicos e sociais relevantes. A biomassa, fonte do nosso bioquerosene de aviação, é 100% nacional, oriunda de projetos de agricultura familiar e fazendas de porte significativo do interior do Brasil, que se dedicam à cultura pioneira do pinhão manso ? diz Barroso.
A TAM já assegurou a disponibilidade do biocombustível de aviação para o voo de demonstração. A companhia adquiriu, por intermédio da ABPPM ? Associação Brasileira dos Produtores de Pinhão Manso, sementes de produtores de pinhão manso do Norte, Sudeste e Centro-Oeste, providenciou a sua transformação em óleo semirrefinado e exportou-o para os EUA, onde a UOP LLC, empresa do grupo Honeywell, fez o processamento do óleo de pinhão manso em bioquerosene e sua mistura com o querosene convencional de aviação, na proporção de 50% cada.
O voo de demonstração a ser realizado pela TAM será a primeira experiência do gênero na América Latina, com uma inovadora combinação desse tipo de aeronave e motor voando com bioquerosene de aviação produzido a partir do pinhão manso. A realização do voo será alinhada com os órgãos reguladores do setor de aviação.
A TAM estuda sua participação no desenvolvimento da cadeia produtiva desse combustível de biomassa vegetal para a criação de uma plataforma brasileira de bioquerosene sustentável. Conhecido pelo nome científico de “Jatropha Curcas L.”, o pinhão manso é uma planta que não concorre com a cadeia alimentar porque é imprópria para consumo humano e animal, podendo ser consorciada com pastagens e culturas alimentícias.
A companhia tem analisado, em conjunto com a ABPPM, meios de desenvolver a produção sustentável do pinhão manso em escala comercial voltada para a sua transformação em bioquerosene de aviação. Segundo a ABPPM, existem atualmente 60 mil hectares de terra no Brasil com plantações de pinhão manso e, diante dos recursos naturais e das condições climáticas favoráveis, grande volume de pastagens degradadas poderão ser recuperadas com essa planta. Para atingir escala comercial, estima-se que seria necessário expandir a superfície cultivada para cerca de 1 milhão de hectares, suficiente para atender em torno de 20% do consumo nacional.
? A Airbus está explorando diversos tipos de combustíveis alternativos, porque acreditamos que diferentes soluções surgirão para diferentes partes do mundo.
Qualquer solução deve ser comercialmente viável e sustentável, sem impacto sobre as pessoas, a terra, os alimentos e a água. Além disso, essas soluções devem gerar empregos locais para a população local. Chamamos isto de cadeia de valor e essa iniciativa da TAM com a Airbus é mais um passo nessa direção ? afirma Paul Nash, chefe do Departamento de Novas Energias da Airbus.
Estudos realizados pela Michigan Technological University em conjunto com a UOP/Honeywell mostram que biocombustíveis de aviação produzidos a partir do pinhão manso permitem uma redução de 65% a 80% na emissão de carbono, em relação ao querosene de aviação derivado de petróleo.
O cultivo e a colheita do pinhão manso, realizados de forma responsável, agregam valor socioeconômico para as comunidades locais e não competem com a produção de alimentos ou fontes de água potável, atendendo a requisitos estipulados pelo SAFUG (Sustainable Aviation Fuel Users Group ? Grupo dos Usuários de Combustível Sustentável de Aviação), grupo ao qual a TAM se integrou formalmente no dia 11 de novembro de 2009. O SAFUG é formado por grandes companhias aéreas internacionais com a finalidade de acelerar o desenvolvimento e a comercialização de novos combustíveis sustentáveis para a aviação.
Além dos requisitos do SAFUG, em seus projetos a TAM seguirá também princípios e critérios estabelecidos pela RSB (sigla do inglês Roundtable on Sustainable Biofuels ? Mesa Redonda sobre Biocombustíveis Sustentáveis, organização internacional de reconhecido prestígio técnico-científico) sobre as melhores práticas para produção, uso e transporte de biocombustíveis em relação às responsabilidades social, ambiental e econômica no setor de transportes.