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Soja

Tecnologia de ressonância magnética reduz perdas de fertilizantes

Pesquisa define a quantidade de anti-umectante necessária para suprimir a absorção de água pela ureia

fertilizantes
Fertilizantes. Foto: Daniel Popov/Canal Rural

Um estudo inédito permitiu monitorar e avaliar estratégias preventivas para evitar o empedramento dos fertilizantes quando em contato com alta umidade.

A pesquisa, que utiliza ressonância magnética, permitiu determinar, com precisão e rapidez, as propriedades hidráulicas de solos, uma das informações mais relevantes para a agricultura e o melhor uso da água.

O trabalho foi desenvolvido pelo agrônomo da Embrapa Solos, Etelvino Henrique Novotny, em colaboração com o Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP). O cientista tem direcionado sua pesquisa para a espectroscopia, método para análise de substâncias baseado no estudo da interação da matéria com a energia, tornando-se um dos 50 pesquisadores mais citados da América Latina.

Absorção de água pela ureia

A pesquisa avalia a eficácia de anti-umectantes em fertilizantes, estudando não somente a absorção de água, mas sua distribuição nos diferentes componentes do produto, obtendo informações de importância prática, como a exata quantidade e o momento em que a água é absorvida pela ureia e pelo anti-umectante.

“Conseguimos definir a quantidade de anti-umectante necessária para suprimir a absorção de água pela ureia, de acordo com o tempo de exposição à alta umidade, ou seja, é possível ‘projetar’ quanto de anti-umectante o fertilizante necessita para, por exemplo, ficar à noite exposto à umidade na lavoura, sem que o processo de empedramento se inicie”, explica Novotny.

Segundo ele, também é possível definir exatamente quando a ureia começa a se solubilizar, que é a primeira etapa do empedramento.

Ressonância magnética

Equipamento de ressonância magnética SpecFit. Foto: Divulgação

O método de ressonância magnética em baixo campo torna possível acompanhar, em tempo real, a dinâmica de absorção de umidade pelos fertilizantes e outros produtos. Com isso, é possível avaliar com muito mais precisão diferentes estratégias que visam diminuir as perdas por empedramento.

“Tão importante quanto as novas fontes de fertilizantes é minimizar suas perdas e otimizar seu uso, aumentando a sustentabilidade da agropecuária e diminuindo a dependência. Seguindo o conceito da sustentabilidade, será possível produzir mais com menos, reduzindo a necessidade de importações, exaurindo menos recursos não renováveis”, avalia.

De acordo com o pesquisador, cerca de 80% da matéria-prima e produtos industriais (além dos fertilizantes, alimentos, fármacos e agroquímica) são na forma de pós ou particulados, muitos sujeitos ao empedramento.

Outros estudos

O pesquisador da Embrapa Solos lembra que diversos outros estudos inéditos com a utilização de equipamento de ressonância magnética nuclear em baixo campo na Ciência do Solo estão em andamento, com resultados promissores, como a determinação das curvas de retenção de água no solo e monitoramento da dissolução de fertilizantes no solo em tempo real.

No Brasil, Novotny tem dado continuidade aos estudos utilizando a tecnologia de ressonância magnética desenvolvida pela startup Fine Instrument Technology (FIT). Único equipamento fabricado no país, o SpecFit já vem sendo utilizado em análises diversas de produtos da agroindústria em parceria com a Embrapa Instrumentação (São Carlos).

Análises rápidas

As análises são realizadas em poucos segundos, de forma não destrutiva e podendo ser feitas, na maioria das vezes, sem a necessidade de se abrir as embalagens.

“Nossa tecnologia tem permitido usos inovadores, como na seleção de sementes oleaginosas, análises de grãos e de alimentos industrializados – inclusive para identificação de adulteração de produtos – para a identificação do teor de gordura e maciez de carnes e, agora, também de fertilizantes. As fronteiras estão se expandindo”, ressalta a CEO da FIT, Silvia Azevedo.

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