O ano de milhares de agricultores começou com dívidas, eles investiram nas lavoras, na pecuária e na produção de leite e não vão ter o retorno esperado. Muitos financiaram o plantio e a compra de animais e agora acumulam prejuízos. Em alguns locais não chove forte há pelo menos dois meses. Açudes e reservatórios estão secando, já são quase 400 mil pessoas atingidas e cerca de R$ 500 milhões em prejuízos.
Caminhões-pipa não param de puxar água para as propriedades. As máquinas funcionam direto para transformar o que sobrou no milharal em alimentação para os animais. O gado perde peso e faz cair a produção de leite. Algumas vacas não estão conseguindo sobreviver sem água e pasto de qualidade.
– A imunidade fica muito baixa, aí dá anemia, pega muito carrapato e morre. Não tem medicamento que faça efeito – disse o produtor rural, Renan Fiabani.
O custo de produção para manter os animais vivos só aumenta. Nos aviários, os ventiladores funcionam dia e noite e a conta de energia elétrica dobrou nos últimos meses. O campo não contava com a estiagem que chegou castigando logo no início do verão.
Em 2009, quando foi registrada a pior seca dos últimos 40 anos no oeste do Estado, a seca veio mais tarde, em meados de março e o drama durou dois meses na época. A região viu a terra seca consumir os reservatórios, os animais desnutridos disputando um pouco de água e a colheitadeira incendiando no meio da lavoura de soja.
O governo do Estado disponibilizou R$ 1,250 milhão de forma emergencial para dividir entre os municípios atingidos. O dinheiro ajuda, mas não resolve o problema que atinge o Estado todos os anos. Uma alternativa que está sendo adotada no Estado é o trabalho preventivo, a começar pela prevenção da mata ciliar, principalmente próxima a riachos.
No interior de Chapecó a prefeitura está reabrindo os reservatórios que secaram com a falta de chuva, somente no final de semana, em forma de mutirão, a equipe conseguiu abrir dez bebedouros para o gado.
– A gente está tomando cuidado para não mexer na mata ciliar – aponta a superintendente de Marechal Bormann, Salete Gava.
Segundo o secretário de desenvolvimento regional de Chapecó (SC), Gilberto Ari Tomasi, a saída para evitar novas estiagens em Santa Catarina é o armazenamento da água das chuvas, mas isso deve ser uma exigência.
– Nós estamos nos mobilizando, inclusive no Conselho de Desenvolvimento Regional, para que os prefeitos também não autorizem mais, com alvará, nenhuma edificação sem que tenha sistema de captação de água, principalmente, na avicultura e na suinucultura – afirma Tomasi.
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