Produtor havia feito plantio na área usando sementes sem origem comprovada e fora do período permitido – acabou levando multa até barata pelo desrespeito à lei
O vazio sanitário para a soja ainda não acabou em nenhum estado, mas no Tocantins um produtor rural resolveu semear o grão, contrariando a proibição. Para piorar, a área não era cadastrada no sistema do governo e as sementes não tinham comprovação de origem. Resultado: multa de R$ 7,2 mil e destruição mecânica da lavoura.
Durante uma fiscalização de rotina, os técnicos da Agência de Defesa Agropecuária (Adapec) localizaram a lavoura irrigada por pivô central, em uma propriedade rural no município de Miracema (TO). No mesmo dia, o dono do local foi notificado e orientado a destruir a soja clandestina em 48 horas. Na última quarta-feira, dia 29, ao retornar à região, os fiscais notaram que a lavoura seguia inteira; foi então lavrada multa e nova notificação.
Só que, desta vez, os próprios técnicos da Adapec providenciaram a destruição dos 68 hectares de soja com grade. A ação deve durar três dias. O agricultor foi multado em R$ 7,2 mil por infrações administrativas e por risco de propagação de pragas nas lavouras da região.
“A plantação irregular poderia afetar o status de excepcionalidade do plantio da soja nas Várzeas Tropicais, destinado a pesquisa e sementes, prejudicando 60 mil hectares da cultura, além de possibilitar a disseminação de pragas nas propriedades rurais vizinhas,” avaliou o diretor de Defesa, Sanidade e Inspeção Vegetal da entidade, Alex Sandro Arruda, acrescentando que o produtor tinha conhecimento dos riscos.
Segundo a entidade, o estado mantém um controle rígido de produção de soja com o monitoramento de 100% das áreas plantadas e cadastradas, levando também informações aos sojicultores. O vazio sanitário, responsável por quebrar o ciclo da ferrugem asiática, é uma medida respeitada pelos sojicultores tocantinenses, por isso este caso foi considerado atípico.
“Somos referência nacional na produção de sementes de qualidade, por isso não podemos nos descuidar de algo conquistado com muitas lutas de toda a cadeia produtiva, afinal basta a ação irregular de um para causar grandes prejuízos a todos”, destacou o presidente da Adapec, Alberto Mendes da Rocha.
No Tocantins, o vazio sanitário vai de 1º de julho a 30 de setembro. Nesta época, fica proibido o plantio de sementes da oleaginosa em lavouras. A medida é fundamental para prevenir e controlar a ferrugem asiática, a principal praga que ataca a cultura da soja.
Durante o vazio sanitário, só é permitido o cultivo de soja nas várzeas tropicais, que compreendem os municípios de Lagoa da Confusão, Dueré, Pium, Formoso do Araguaia, Cristalândia e Guaraí. Nessas localidades, a Adapec autoriza o plantio da oleaginosa para fins de pesquisa científica e de produção de sementes, mediante um rigoroso controle e monitoramento da ocorrência da praga feito pelos inspetores da agência.