Os produtores do sul do Maranhão estão vendo os lucros diminuírem a cada safra. É que os custos com as tecnologias aumentam mais que o valor de venda da soja. Nessa conta também estão os gastos com a logística e os insumos. O clima também não ajudou e as fortes estiagens apertaram ainda mais a rentabilidade final.
O sol que revela as paisagens do Parque Nacional da Chapada das Mesas, andou castigando a soja plantada no município de Carolina, no Maranhão. Quem visita a região nem imagina a importância da agricultura para a economia do município. Os dados mais recentes do IBGE mostram que, em 2017, foram plantados 25 mil hectares do grão e colhidas 67 mil toneladas. Por isso a soja que recebe cada vez mais investimentos, mas a curta margem de lucro tem desanimando o sojicultor.
“Temos o sentimento de que é um trabalho de até quatro meses que está indo embora. Mais um ano sem a colheita esperada e sem o lucro também”, afirma o coordenador técnico da Fazenda, Otávio Mera.
Mera diz isso depois de analisar as plantas e ver as vagens vazias, ou com no máximo dois grãos, quando o que se esperava eram três. É que o veranico, esperado para janeiro, antecipou e chegou em dezembro, pegando em cheio a floração e o enchimento. O engenheiro agrônomo Carlos Alberto Rodrigues dos Santos percorre as fazendas do estado e conta que o problema não foi só ali na região.
“Teve também uma variação de prejuízo de acordo com a época de plantio. Tivemos plantio de outubro, de novembro e dezembro. Quem planta bem cedo teve problema no enchimento do grão e outros com abortamento de flor. As chuvas vão normalizar e parte pode recuperar”, conta Rodrigues.
Custos elevados
A queda de 10% na produtividade (segundo a Aprosoja) vem acompanhada de outro problema: está ficando mais caro produzir. Só na propriedade de Isaías Soldatelli, da safra passada para esta, os custos de produção cresceram 20%.
Nessa conta estão os insumos, o frete e os gastos para manutenção da estrada. Para que os caminhões consigam passar, os produtores pagam um pedágio. Para chegar até o município de Carolina, vindo do Tocantins, o caminho mais curto é a balsa. Mas isso gera um custo a mais para o bolso do sojicultor. Ao comparar a planilha de gastos desta safra com a passada, o Soldatelli percebeu que a margem de lucro está diminuindo.
“Temos um custo a mais de de R$ 4 por tonelada de tudo o que entra ou sai da fazenda. Calcário, fertilizante, soja, milho etc. Isso vai tirando a margem do produtor. Mas sem esse pedágio a gente acabaria pagando mais caro, com estrada ruins e atoleiros. Imagine então se tombar caminhão”, conta Soldatelli.
Para completar, nem todas as propriedades têm energia elétrica e isso aumenta as despesas com geradores. A Aprosoja do Maranhão estima que, até agora, 40% da safra foi comercializada. A colheita está em 35%. Uma orientação para que o sojicultor consiga aumentar a rentabilidade é investir no perfil de solo aos poucos, em algumas áreas, e não em toda a propriedade de uma vez.
“Ele vai vendo um trabalho de ano a ano dele e vai fazendo um perfil geral. Em uma propriedade de mil hectares, se a cada ano fizer cem hectares, vai demorar dez anos, só que o sojicultor vai ter uma rentabilidade melhor”, diz.