Com feriado nos EUA e paralisação no Brasil, preço da soja não tem alteração. Segundo Cepea, algumas indústrias de processamento da oleaginosa diminuíram suas operações por falta de matéria-prima
Daniel Popov, de São Paulo
Não é só os caminhões e tratores que pararam. Desde o início da paralisação dos caminhoneiros, na semana passada, muitos produtores rurais optaram por não fazer negócios com suas produções. Uma, por já terem negociado boa parte a preços satisfatórios e, outra por apoiarem as mobilizações.
Segundo o agricultor Luiz Henrique Scariot, filho e neto de agricultores, com propriedade em Lagoa Vermelha (RS), os produtores não estão preocupado em vender soja neste momento, a prioridade é apoiar as manifestações.
“Os agricultores buscam o melhor para o país. Queremos definições como: acabar com impostos de combustíveis para a agricultura, reduzir os demais combustíveis, pneus para linha de transporte e agrícola e principalmente o fim da corrupção”, defende Scariot.
Segundo a consultoria Safras & Mercado, na sexta-feira os preços no mercado interno ficaram estáveis e o ritmo na comercialização seguiu estagnado. A greve dos caminhoneiros praticamente paralisou o mercado de soja. Sem transporte, o mercado está travado, aguardando o desenrolar da crise.
Em Passo Fundo (RS), a saca de 60 quilos se manteve em R$ 82,00 a saca. Na região das Missões, a cotação ficou em R$ 81,30. No porto de Rio Grande, as cotações seguiram em R$ 85,50.
Em Cascavel, no Paraná, o preço subiu de R$ 79,50 para R$ 80,50 a saca. No porto de Paranaguá (PR), a saca ficou estável em R$ 86,50.
Em Rondonópolis (MT), a saca permaneceu em R$ 76,00. Em Dourados(MS), a cotação caiu de R$ 75,00 para R$ 74,50. Em Rio Verde (GO), a saca estabilizou em R$ 74,00.
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Para o produtor de Bandeirantes (MS), Leandro Dal Ongaro, os produtores aproveitaram o momento de alta dos preços e conseguiram negociar suas safras. Ele, inclusive, já começou a travar a próxima colheita. Entretanto destaca que essa paralisação é muito mais importante do que negociar soja.
“Essa paralisação não teve nenhuma consequência negativa para o produtor rural. Teve para a empresa que levava o grão para o porto. Nós só ganhamos com isso, ajudamos eles e conseguimos uma redução no diesel”, conta o produtor
Indústrias também pararam
Segundo um levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) com o travamento dos negócios envolvendo soja e derivados no mercado interno, algumas indústrias relataram ter baixo estoque de soja e, com isso, reduziram o ritmo de processamento, enquanto outras já estão paradas.
“Esse contexto pode elevar os preços da soja com mais força no curto e médio prazos. Para os derivados, em muitas regiões brasileiras”, afirma a entidade.
Bolsa de Chicago
Os mercados financeiro e agrícola dos Estados Unidos não operaram nesta segunda-feira, 28, devido ao Memorial Day. Com isso, as bolsas de Chicago para grãos e cereais (soja, subprodutos, trigo e milho), o mercado financeiro em Wall Street e a bolsa de Nova York para soft commodities (algodão, cacau, café, suco de laranja e açúcar) não operam.
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