Entre as razões apontadas estão a nova tabela de fretes e guerra comercial entre China e Estados Unidos
O ritmo da venda da nova safra de soja está acima da média dos últimos cinco anos, em Mato Grosso. Mas ainda tem muito agricultor indeciso na hora de negociar a produção. O tabelamento do frete e as indefinições dos rumos da política e da economia do país, são os principais motivos desta incerteza.
No campo as plantadeiras roubam a cena, dando ritmo acelerado ao plantio da soja. Da porteira para fora a negociação da safra que é a grande protagonista. De olho no mercado, alguns produtores aproveitam as oportunidades para cobrir ao menos os custos da produção.
“Estamos com 50% da produção já comercializada, travada. Então já garanti os custos. Vamos torcer para que dê tudo certo no final..Esse câmbio é uma caixinha de surpresas e os preços em Reais, por enquanto, estão muito bons”, diz o produtor João luiz Lazarotto.
Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária apontam que até setembro, 28% da safra 2018/2019 de soja havia sido negociada, número superior aos 16% do mesmo período do ano passado O desempenho também supera a média dos últimos cinco anos, que é de 26% para a época.
Mas não são todos os produtores que estão satisfeitos. Segundo o presidente do Sindicato Rural de Tapurah, muitos produtores da região encontram dificuldades em negociar. “Fiz um pouco de troca (10%), não mais que isso. No ano passado, nesse mesmo período, já estava em 30% vendido. Esse pouco que eu vendi foi a R$ 62. Hoje além do preço estar mais alto, estão negociando frete também. Muitas tradings não estão fazendo negócios com os produtores por conta dessa tabela e estamos preocupados com isso”, diz o presidente do Sindicato da cidade, Carlos Belló.
Em Lucas do Rio Verde a negociação da safra futura está lenta, de acordo com presidente do sindicato rural do município, Carlos Alberto Simon. Na mesma época do ano passado mais de 40% da produção já estava vendida. Este ano a comercialização não ultrapassa os 10% da safra prevista. Além da polêmica questão do tabelamento do frete, a indefinição dos rumos da política e da economia do país atrapalham os negócios.
“China e Estados Unidos não se acertam e isso fará sobrar mais soja dos americanos. Se isso acontecer o preço em Chicago vai derreter. Por enquanto temos prêmios bons, mas para o ano que vem não vai ser assim e isso inviabilizará a comercialização. Será um ano mais complicado, para não ficar no vermelho temos que ter cuidado”, diz Simon.