Sojicultores de MT usam janelas de tempo seco para evitar maior atraso na colheita

Dados do Imea mostram que colheita no Estado está em 35%, cerca de 12% menor que na última safra

Produtores rurais de Mato Grosso estão se apressando nos últimos dias para colher a soja durante as janelas de tempo seco em meio ao recente período de chuvas, numa tentativa de evitar perdas nas lavouras e, principalmente, minimizar possíveis prejuízos à segunda safra de milho.

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Dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostram que a colheita da oleaginosa está atrasada, alcançando atualmente 35% da área plantada, contra índice de 47% no mesmo estágio da safra passada. Um dos principais fatores para essa diferença foi o plantio fora das datas planejadas por muitos agricultores, devido a um prolongado período seco em setembro e outubro.

E as chuvas dos últimos dias no norte e no médio-norte do Estado agora também não têm ajudado.

– Essa época é de correria, muita correria. Não pode perder um minuto quando o tempo está bom – conta o agricultor e presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Galvan, enquanto pilotava uma das colheitadeiras de sua propriedade.

Depois de vários dias sem colher, a chuva parou no domingo e o agricultor retomou a colheita. Para aproveitar o tempo, almoçou a bordo da colheitadeira, comendo a refeição armazenada em uma marmita, enquanto a máquina operava no piloto automático.

Com as máquinas paradas desde quarta-feira devido à chuva, esta segunda-feira também foi dia de trabalho intenso em Lucas do Rio Verde, no médio-norte do Estado.

– O ritmo está ruim. A semana toda teve chuva. Está bem complicado – relata o presidente do Sindicato Rural do município, Carlos Simon.

Apesar do compasso mais lento de colheita, até o momento não há relatos de perdas relevantes pela umidade, que em períodos prolongados pode afetar a qualidade dos grãos de soja, disse a consultoria Agroconsult, cujos técnicos percorrem o norte e o nordeste de Mato Grosso esta semana.

Segunda safra em xeque

Por outro lado, a grande preocupação dos agricultores da região é com a janela de plantio da segunda safra de milho.

– A produtividade da safra de milho é uma incógnita. Se ‘cortar’ a chuva no fim de março, não se colhe milho em Mato Grosso – diz Galvan, referindo-se à data de início do período de seca no Centro-Oeste, que a cada ano ocorre em momento diferente.

O crescente risco climático e as condições ruins de preço deverão impactar cada vez mais a área plantada do chamado milho safrinha.

Em estimativa divulgada ainda em dezembro, o Imea apontava redução de área de milho de 12,2% no Estado em 2015 na comparação com 2014, para 2,83 milhões de hectares.

Na região norte, onde está Sinop, a previsão do Imea é de queda de área de 6,7 por cento. Galvan já aposta em queda de pelo menos 20 por cento no plantio.

Em termos de produtividade e produção, a safra de milho de Mato Grosso vai depender muito do clima.

– As últimas pancadas de chuva em Mato Grosso vão ocorrer até 20 a 25 de março – comenta o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Somar.

Segundo ele, serão precipitações razoáveis para o desenvolvimento das lavouras de milho semeadas ainda em fevereiro. No entanto, as áreas muito atrasadas, com plantio em março, deverão ser bastante prejudicadas, afirmou.

Reuters

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