Aprosoja-MT defende uma lei para áreas de refúgio, só que pede mais estudos técnicos para garantir que os produtores não serão prejudicados
Fernanda Farias | Jaciara (MT)
Em Mato Grosso, a soja já superou os 20% da área plantada, de acordo com o último balanço do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). O atraso no cultivo deve provocar perdas de até R$ 5 bilhões.
Além dos custos e expectativa de uma queda de produtividade, os sojicultores que cultivaram sementes transgênicas estão preocupados com a garantia de eficiência da tecnologia. A última forte chuva que havia caído em Jaciara, município a 144 km de Cuiabá, foi no dia 27 de setembro. Dos 45 mil hectares disponíveis para o cultivo de soja, 20% foram plantados.
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Na lavoura da família Fritsch, são 350 hectares destinados para soja. Os produtores utilizam sementes transgênicas e seguiram a recomendação técnica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Eles destinaram 20% da área para o refúgio, mas questionam a eficiência da tecnologia.
– A multinacional cobra royalties caríssimos. Qual é a garantia que dão para nós de que há resistência a lagarta? Não temos garantia nenhuma, nós não temos documento assinado por ninguém. É só no gogó. Nós queremos a garantia deles, porque no milho a lagarta atacou tudo no Mato Grosso. Tivemos que passar o inseticida por duas vezes, quem vai nos pagar? – reclama o produtor Alberto Francisco Fritsch.
A área de refúgio não é obrigatória. A medida do Mapa orienta os produtores a seguir a recomendação das empresas detentoras da tecnologia Bt, mas não há punições para quem não fizer. O agrônomo Rodrigo Martins chama atenção para a necessidade do refúgio.
– A gente vê que é necessário fazer o refúgio para manter a tecnologia. Se a gente não fizer, os prejudicados somos nós mesmos, os produtores. E as empresas tem que testar bem a tecnologia para não apresentar a fragilidade que vem acontecendo – alerta.
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A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) defende a criação de uma lei, mas cobra mais discussão sobre o assunto, para que a responsabilidade não seja apenas do produtor.
– Entendemos que o refúgio sozinho não é uma medida segura para evitar a perda da tecnologia. Não existe estudo técnico de campo ainda que dê segurança de que o refúgio é a melhor saída, precisamos avançar. Lembrando que nós não podemos ter uma legislação que traga obrigações só para o produtor. Se o produtor for obrigado, a empresa que faz a tecnologia vai ser obrigada a dar garantia do que está vendendo – cobra o presidente da Aprosoja-MT, Ricardo Tomczyk.
Outra apreensão entre os produtores de Jaciara é a mesma que a Expedição Soja Brasil observou por outros municípios: o atraso em função da seca deve derrubar a produtividade do grão e atrasar a segunda safra.
– A semente está comprada, porém não sabemos ainda se será feita a safrinha de milho. Um atraso que vai comprometer de 30 a 40% do algodão safrinha. A janela boa será nos primeiros dias de fevereiro – comenta o produtor rural Jean Fritsch, filho de Alberto.
Além disso, boa parte da área de soja precisou do replantio, o que influiu diretamente nos gastos. Como a semente que Fritsch cultiva é transgênica, o custo de produção chegou a R$ 700 por hectare a mais em 20% da área.
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Acompanhe o trajeto da Equipe 1 da Expedição Soja Brasil: