Em uma lavoura no interior do município de Água Comprida, a 50 quilômetros de Uberaba, o excesso de chuva provocou estragos. O técnico agrícola Vagner Scalon analisa que os grãos não poderão ser aproveitados comercialmente. Ele avalia que colocar a máquina nestas condições é pagar para colher.
O técnico já percorreu a região do Triângulo Mineiro e confirma que não é uma situação isolada. No município de Água Cumprida são 10 mil hectares de soja. Os estragos variam de lavoura para lavoura entre 30% e 70% de prejuízo.
Além da perda na produção, a qualidade dos grãos ficou comprometida. A chuva deitou as plantas que apodrecem no campo. Muitos produtores fizeram contratos antecipados para exportação. Agora as empresas não querem receber a soja que está fora dos padrões do mercado internacional. Os contratos têm previsão de multas que podem agravar ainda mais a situação dos agricultores.
Na lavoura do produtor Pedro Naves, uma área teve a colheita concluída dois dias antes do início das chuvas. Foram colhidas cerca de 58 sacas por hectare com boa qualidade. Porém, ainda restavam 130 hectares quando o tempo fechou, e a máquina está parada desde o primeiro dia de março.
O produtor colocou a colheitadeira para funcionar e jogou fora o que colheu. Ele esta desanimado calcula um prejuízo de R$ 300 mil. Mas as perdas não param por aí. Pedro fechou contrato antecipado e está devendo pelo menos mil sacas para a exportadora e vai ser multado.
Na propriedade de José Humberto Coelho Junior os talhões são separados. Na parte mais baixa pela primeira vez em dez anos as plantas ficaram embaixo d’água. Calcula que perdeu 40% da safra. Basta uma trégua na chuva e o agricultor vai colhendo nas áreas mais altas.
O produtor tem mil hectares e reclama da falta de transparência na hora de entregar a produção. Ele sabe que a qualidade é baixa, mas os descontos variam de uma empresa para outra.