SP: sojicultores apostam em boa produtividade nesta safra

Clima ruim no inicio da temporada não assustou os produtores, que resolveram investir na ampliação da área. A recompensa pode ser o alto rendimento das lavouras

As chuvas regulares das últimas semanas têm deixado os produtores de soja do interior de São Paulo animados. A expectativa é de uma safra com boa produtividade e quem sabe com maior rentabilidade.

Em seu primeiro levantamento, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), previu que o estado de São Paulo teria uma produtividade média de 49,1 sacas por hectare, queda de 11% ante as 55 sacas obtidas na safra 2015/2016. A razão principal para esta redução era o clima desfavorável logo após o fim do vazio sanitário. Entretanto, as chuvas voltaram e ajudaram no desenvolvimento da cultura. “Tivemos um atraso de quase quinze dias por falta de chuvas. Elas chegaram um pouco atrasadas, mas ainda bem que vieram”, comemora o engenheiro agrônomo Renato Boschiero.

Na região de Rio das Pedras, interior de São Paulo, 20% das áreas destinadas à soja já foram plantadas e o ritmo segue acelerado nas propriedades. Como choveu bastante nas últimas semanas as plantadeiras tem trabalhado para recuperar o tempo perdido. “As condições estão ótimas, incluindo a umidade do solo e a temperatura. Vimos que existe previsão de chuva ainda esta semana, então os produtores estão em campo plantando. Esta semana vai ser bem atarefada para todos”, ressalta Boschiero.

Prova disso, pode ser vista na propriedade de Ocimar Paparotti, que resolveu apostar em uma boa safra e aumentou em 20% a área plantada. Ao todo, ele já semeou 80 hectares, dos 180 que pretende plantar até novembro. O desenvolvimento está avançado e a soja brotou há mais de quinze dias. “Choveu e a plantamos na sexta. Ai já choveu no domingo novamente. As previsões estão dando certo”, conta Paparotti. “Com o clima bom, vamos colher de 60 sacas pra cima.”

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Se por um lado o produtor corre com o plantio por causa das condições favoráveis, por outro segue mais cuidadoso na hora de negociar a safra. Neste mesmo período do ano passado, Paparotti, por exemplo, já havia negociado 40% da soja que estava em desenvolvimento. Com o dólar mais estável a palavra de ordem é segurar para ver como fica o preço da saca nas próximas semanas. “Não vendemos nada este ano ainda. Estamos arriscando esperar um preço melhor. Com o dólar baixo não compensa, vamos esperar pelo menos mais uns noventa dias e reavaliar”, conta o produtor.

Segundo o diretor de inteligência da consultoria INTL FCSTone, Thadeu Silva, a comercialização está muito lenta este ano. Para ele a espera por um momento mais rentável precisa ser calculada pelo produtor, já que se o cenário político permanecer estável, o dólar deve ficar neste patamar até o início da colheita. “Acabei de rodar o Paraná inteiro na semana passada e realmente é muito difícil achar uma região que tenha uma comercialização acima de 20%”, afirma ele. “Tem limite pra segurar as vendas. Pelo menos parte o produtor terá que comercializar e assim garantir os custos.”